domingo, 29 de novembro de 2009

Refletindo Sobre PA's

Falar em aprendizagem por projetos é, necessariamente, se referir à formulação de questões pelo autor do projeto, pelo sujeito que vai construir o conhecimento. O aluno não é um ser desprovido de ideias e curiosidades, ao contrário. E é através dessas ideias e curiosidades, de seu conhecimento prévio que ele vai se movimentar e interagir com o desconhecido, provocando a construção do conhecimento.
Um PA vai ser gerado pelos conflitos, pelas perturbações no sistema de significações dos conhecimentos prévios do aprendiz.
Para começar, a curiosidade do aluno deve ser apresentada através de uma questão de investigação.
A questão de investigação norteia o projeto de aprendizagem e, por este motivo, ela deve ser uma questão ampla, para não restringir o assunto e encaminhar a aprendizagem para um único caminho, mas isto não significa que ela não possa ser refinada, reestruturada à partir dos conhecimentos que estão sendo construidos. E deve ser autêntica do aluno, deve ser gerada da curiosidade pelo novo e não algo que já é de seu conhecimento.
Após formular a questão de investigação, deve-se fazer um levantamento das dúvidas temporárias e da certezas provisórias que servirão de base para o estudo do assunto. Este assunto, esta procura por respostas irá refutar ou esclarecer as dúvidas e certezas e bem provável que surgirão novas dúvidas e novas certezas, estas deverão ser analisadas e incorporadas, ou não, ao projeto.
O professor deve servir de guia, de âncora, de suporte para a cosntrução do PA. Deve orientar o aluno a aproveitar os espaços de interação e de publicação de seu projeto. Ele deve ser de fácil compreensão, pelo professor, pelos colegas e por ele mesmo. É aconselhável, melhor, é necessário que façam Mapas Conceituais, pois eles são uma representação do conjunto de informações que mantem relações evidentes entre si. O mapa conceitual serve de guia para o que deve ser feito e de busca para o que já foi feito.
Os registros não devem fugir do tema proposto, pois eles são um documento do conhecimento adquirido.
A síntese final deve conter as aprendizagens construidas, os recursos utilizados, as principais fontes de busca.
Não é impossível realizar um PA sózinho, mas os alunos devem entender que o trabalho em grupo vai gerar debates, polêmicas, troca de ideias,...
Como nada anda só, ao buscar um conhecimento, o aluno vai se deparar com saberes referentes a outras áreas do conhecimento. Isto é interdisplinaridade. Os PAs oportunizam uma ligação significativa entre as múltiplas disciplinas.
Para concluir, o professor que utiliza como recurso pedagógico um PA, oportuniza seus alunos a não só encontrar informações, mas a aprender a selecionar o que realmente importa à questão inicial. Oportuniza a disciplina em sala de aula, pois quando os alunos são encaminhados por trilhas que captem a sua atenção, não haverá problemas de disciplina, desatenção e dispersão de objetivos.
A criança é um inquiridor por excelência, é de sua natureza perguntar e polemizar um assunto e é justamente esta curiosidade que lhe abrirá as portas do conhecimento, tornando um adulto crítico e dialógico. É imprescíndivel que o professor ou qualquer pessoa ligada à educação de uma criança fomente nela o hábito de questionar as situações.
Trabalhar com PA's implica em assumir responsabilidades sobre a real aprendizagem da criança. Para isso, é fundamental que o professor seja parceiro no trabalho do aluno, se proponha a acompanhar o processo e avaliar os resultados, juntamente com o aluno.
Observação: Esta postagem não premia nenhuma atividade em especial, ou melhor, premia todas. Ela me servirá de suporte e orientação para guiar meus alunos nos PA's vindouros.

domingo, 22 de novembro de 2009

PROJETOS DE APRENDIZAGENS













Um projeto surge em resposta à uma necessidade, a um problema concreto. Elaborar um projeto é contribuir para a solução desse problema, transformando as idéias em ações.
Como dizia Paulo Freire: ninguém educa ninguém, mas ninguém, tampouco, se educa sozinho. O ser humano se educa em comunhão, no contexto de viver sua vida neste mundo". (Pedagogia do Oprimido)
Nós nos educamos uns aos outros na interação de uns com os outros. Nessa interação vamos nos transformando em sujeitos capazes de definir, autonomamente, um projeto de vida e de transformá-lo em realidade.
Uma pedagogia de projetos encara a educação como a única ferramenta pela qual o ser humano projeta e constrói a sua própria vida, utilizando algo que lhe é natural e motivador.
Através de um projeto de aprendizagem, a criança é incentivada a explorar e a investigar seus interesses. Ao professor, cabe a responsabilidade de tornar útil a atividade da criança, promovendo, assim, o desenvolvimento das competências básicas necessárias para que ela se torne capaz de sonhar seus próprios sonhos e transformá-los em realidade.
Como aluna do Pead, foi-me proposto realizar, em comunhão com outras colegas, projetos de aprendizagem.
O primeiro PA foi sobre a influência da Lua sobre o ser humano. Abriu-se um vasto campo de pesquisa: internet, livros, entrevistas. Nada ficou definitivo sobre a real influência desse satélite natural da Terra.
O segundo PA foi sobre os jogos de computador e não é nenhuma novidade o uso de jogos na educação de crianças. Na antiguidade já eram utilizados jogos e brincadeiras na educação infantil, onde alguns filósofos se utilizam deles para ensinar seus discípulos. Platão afirmava a necessidade de a criança aprender divertindo-se. Mesmo para um adulto, é fato de que os jogos são grandes auxiliares para o bom funcionamento do cérebro. Mas, quanto aos jogos de computador, ou heurísticos, não encontramos fatos suficientes que afirmem que afirmem que os benefícios são maiores que os malefícios. Benefício porque estimula a criatividade. Malefício porque causa, a longo prazo, tendinite, obesidade, atrofiamento dos membros inferiores, ...
Após estes dois PA's, senti-me meio desalentada em aplicar com meus aunos de 3° ano, mas mesmo assim, tentei.
Tive uma agradável surpresa ao propor um projeto de aprendizagem sobre animais.
Nas dúvidas e certezas, as crianças demonstraram um grande conhecimento sobre o assunto. Daí em diante, as pesquisas sobre as dúvidas e curiosidades foram realizadas com satisfação pelos alunos, conquistando, assim, uma verdadeira aprendizagem sobre estes nossos compenheiros de jornada terrena. Toda aprendizagem realizada, jamais será esquecida. Tenho certeza!

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

QUERIDO DIÁRIO!



Durante toda minha adolescência, vi minhas amigas dedicarem boa parte de seu tempo aos seus diários. Penso que eu era anormal, pois nunca me interessei em registrar minha vida nas folhas brancas e frias de um livrinho. Dedicava meu tempo a viver cada momento com entusiasmo, pois cada minuto é único. Não volta mais!
Hoje, "folheei" meu portfólio e cheguei à conclusão de que ele é o "diário" da minha vida no PEAD.
Reli algumas postagens. Relembrei algumas interdisciplinas e "matei" a saudade de conteúdos que fizeram a diferença na minha vida profissional.
Quantas leituras realizadas. Quanta aprendizagem.
Mesmo agora, enquanto faço esta reflexão sobre cada passagem de meu portfólio, fiz uma grande aprendizagem. Aprendi a real importância desta ferramenta.
No início do curso, quando foi proposto o Portfólio de Aprendizagem, minha compreensão sobre ele trilhou um caminho errôneo. Entendia que ele apenas era mais uma atividade. Estava errada!
O portfólio é uma ferramenta de avaliação e autoavaliação. Oferece aos tutores uma oportunidade de análise sobre o minha comprensão das leituras e atividades propostas, detectando minhas dificulfades (se houver) e agindo em tempo, objetivando meu crescimento educativo. Como instrumento de autoavaliação, oportuniza-me avaliar meu desenvolvimento no processo de aprendizagem, minha evolução nos conhecimentos.
A particularidade do Portfólio é o processo constante de reflexão oportunizado pelo confronto das postagens nas diversas disciplinas e a conscientização da ligação que existem entre elas, cujas finalidades educativas atingem a mesma meta: a prendizagem.
O Portfóilio de Aprendizagem é muito mais que um registro diário, ou semanal, de minhas atividades no Pead, é um documento. E neste documento eu descrevo, de uma forma mais sucinta, minhas atividades no Pead e o conjunto dessas descrições provam o quanto progrediu o meu conhecimento.

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

EDUCAÇÃO DOS SURDOS






Antes de pensarmos como começou a educação das pessoas desprovidas de audição, devemos pensar quando, ao longo da história do homem como habitante terreno, identificou-se a falta de audição do indivíduo. É fato que antes de se perceber que o homem não ouvia, ele foi "tachado" de louco. Hoje em dia, infelizmente, ainda o é.
Há pouco mais de um século, a mulher conquistou seu direito de cidadã. Antes disso, sua condição feminina destinava-se à procriação e afazeres domésticos (motivo do jargão "isto é coisa de mulher"). E a mulher surda?
No filme O Menino Selvagem, Victor fora atacado pelos alunos da escola de surdos. Meninos. Meninas surdas não tinham direito à escola? Ou havia escolas só para elas?
A educação de surdos começou, aproximadamente, a quinhentos anos, sendo que no início havia pouca compreensão sobre a surdez. A surdez e consequente mudez eram confundidas com falta de inteligência e baixa capacidade de aprendizagem.
Vejamos alguns educadores de surdos, dignos de serem comentados:
Charles-Michel de I'Épée destinava sua vida às obras de caridade e, numa de suas visitas aos pobres, encontrou duas irmãs surdas que se comunicavam através de gestos. À partir daí, decidiu dedicar-se aos surdos e fundou um abrigo que era sustentado por ele mesmo. O seu abrigo tornou-se a primeira escola para surdos.
Frei Ponce de Leon, monge beneditino que recebeu os créditos como primeiro professor de surdos.
Samuel Heinicke foi o primeiro educador a desenvolver uma instrução sistemática para os surdos na Alemanha.
Em meados do século XVI, Girolano Cardano propôs um conjunto de princípios que prometia uma ajuda educacional para os surdos, afirmando que estes podiam ser pensantes, compreenderem símbolos gráficos ou combinações de símbolos associados a objetos ou figuras que os representassem. Assim, no início de 1555, surgiu a educação oral para crianças surdas. Algumas crianças surdas de famílias nobres aprenderam a falar e a ler para poderem ser reconhecidas como pessoas nos termos da lei e herdar títulos e propriedades de suas famílias.
Jean Massieu, francês surdo e pioneiro na educação de surdos. Foi professor de Laurent Clerc.
Laurent Clerc foi chamado "O apóstolo dos surdos na América". Com Thomas Hopkins Gallaudet, fundou a primeira escola para surdos na América do Norte.
O Congresso Internacional de Milão, em 1880, foi um movimento obscuro na história da educação dos surdos. O comitê do congresso era unicamente constituído de ouvintes que tomaram a decisão de excluir a língua gestual no ensino dos surdos, substituindo-a pelo oralismo que, em consequência disso, foi a técnica preferida na educação de surdos nos fins do século XIX e grande parte do século XX.
Como ouvinte, pouco ou nada sabia sobre os modelos educacionais de surdos. Através da leitura dos textos sugeridos pela interdisciplina Lingua Brasileira de Sinais, tive a oportunidade de conhecê-los:
ORALISMO: método de ensino para surdos, no qual se defende que a maneira mais eficaz de ensinar o surdo é através da língua oral, ou falada. Defende que a Língua de Sinais deve ser evitada, pois atrapalha o desenvolvimento da oralização.
COMUNICAÇÃO TOTAL: após o fracasso do oralismo, foi adotada a comunicação total,ou seja, o uso simultâneo de uma língua oral e de uma linguagem sinalizada.
PEDAGOGIA SURDA: o surdo é reconhecido como um indivíduo inteligente, capaz de aprender e produzir, e não como um deficiente.
BILINGUISMO: tem como pressuposto básico que o surdo deve ser bilingue, ou seja, deve adquirir a linguagem de sinais, que é considerada a língua natural dos surdos, e a língua oficial da pátria mãe.
Pesquisei e li muito sobre este tema "Educação de Surdos" e cheguei a uma conclusão de que existia uma polêmica (talvez ainda haja) na educação de surdos. Havia os que defendiam o oralismo, havia também os que defendiam a língua de sinais e, ainda, uma corrente de defensores da Comunicação Total. Entendi que ao longo da história da educação de surdos, esses três métodos coexistiram sem que nenhum deles conseguisse prevalecer.
Como escreveu Harlan Lane, no texto "A política no ensino dos surdos", "os direitos ganham-se lutando", a educação de surdos ganhou mais espaço, o indivíduo não ouvinte adquiriu o que lhe era de direito: educação, reconhecimento como cidadão capaz. Mas não basta!
Somente no momento que todos levarem em consideração as restrições impostas aos indivíduos surdos é que os mesmos poderão levantar a bandeira da vitória. Não basta uma escola que ensine o deficiente auditivo a ler, escrever e comunicar com linguagem de sinais, onde esta linguagem só é compreendida por uma minoria. Quando este meio de comunicação for uma linguagem universal, obrigatória em todas as escolas e desde os primeiros anos de escolarização é que poderemos dizer "SOMOS TODOS UM SÓ!"
"O olhar e a movimentação dos lábios são mais eloquentes
e muitas vezes mais sinceros do que uma frase".
(Marina Colasanti)
Fontes:
LANE, Harlan - A Máscara da Benevolência, texto A política de ensino de surdos, página l70.

domingo, 1 de novembro de 2009

PEDAGOGIA DO OPRIMIDO OU PEDAGOGIA DO BOM SENSO?


"Se a educação sozinha não transforma a sociedade, sem ela tampouco a sociedade muda". (Paulo Freire)


Lendo o texto de Frei Betto, revi o método pelo qual fui alfabetizada. Não pretendo, de forma alguma, rechaçar a metodologia utilizada pela alfabetizadora, mesmo porque fui muito bem alfabetizada e, ainda hoje, lembro o nome da professora: Dalva.
Mas, assim como "Ivo viu a uva", eu vi a "Élida e o Olavo" que viam o ovo, a Eva e a uva. Foi muito tempo depois que passei a entender qua a uva é obra do Criador e não da criatura. Fui alfabetizada, mas não tinha consciência da praticidade daquele amontoado de apalavras que aprendi a decifrar.
Não havia diálogo, não havia nem mesmo uma conversinha à toa entre os colegas. Tudo era mecanizado, bem aceito e jamais discutido. Devíamos então fazer composição. Porém ninguém nos explicava que fazer uma composição não era somente fazer uma produção textual. Consequentemente, fazer uma composição era sinônimo de "lá vem chatice".
Passado tantos anos e após todas as leituras sugeridas pelo Pead, paro para pensar que aquela adorável professora era apenas um mero instrumento da "Pedagogia do Oprimido". Nesse processo, ela depositava o conteúdo em nossa cabeça, e nós o recebíamos como forma de armazenamento, não havia criatividade nem tampouco transformação do saber que trazíamos para a escola em nossa "bagagem cultural". A professora era a única detentora do saber, criando em nós a condição de sujeitos passivos que não participavam do processo educativos.
Agradeço a Deus por ter-me oportunizado nascer de pais com a "mira" voltada para o futuro. Meus progenitores sempre me incentivaram a ler e, em minha casa, nunca faltou material de leitura.
Paulo Freire é autor de uma vasta obra que ultrapassou as fronteiras do país e espalhou-se por muitas outras nações.
Segundo Paulo Freire, a educação é uma prática política tanto quanto qualquer prática política é pedagógica. Não há educação neutra. Toda educação é um ato político. Assim sendo, os educadores precisam construir conhecimentos com os educandos, tendo como meta um projeto político de sociedade. Os educadores devem ser, portanto, profissionais da pedagogia da política, pedagogia da esperança, pedagogia do bom senso.
Paulo Freire dedicou a obra Pedagogia do Oprimido aos "esfarrapados do mundo", sujeitos das camadas menos favorecidas que acabam por aceitar o que lhes é imposto, sem uma conscientização do seu real valor na sociedade, sem motivação ou coragem para lutar pela transformação da sua realidade. Deixou bem claro que somente um método que privilegie a ação e o diálogo é capaz de ser coerente com os princípios da verdadeira educação.
O diálogo é o grande incentivador da educação mais humana a até revolucionária. O educador, antes dono da palavra, passa a ouvinte, pois não é no silêncio que os homens se fazem, mas na palavra, no trabalho, na ação-reflexão.
"A existência, porque humana, não pode ser muda, silenciosa, nem tampouco pode nutrir-se de falsas palavras, mas de palavras verdadeiras, com que os homens transformem o mundo. Existir, humanamente, é pronunciar o mundo, é modificá-lo. O mundo modificado, por sua vez, se volta problematizado aos sujeitos pronunciantes, a exigir deles um novo pronunciar."
O diálogo oportuniza uma intercomunicação, o que gera a crítica e a problematização, pois os sujeitos do diálogo podem questionar, replicar, avaliar, aprender e ensinar.
Paulo Freire coloca a palavra como mais que um meio para que o diálogo se efetue. A palavra deve ser constituida de ação e reflexão. Sem a ação, perde-se a reflexão e a palavra transforma-se em verbalismo. Por outro lado, a ação sem reflexão transforma-se em ativismo.
Infelizmente, a liberdade educativa está longe de ser uma realidade universal.
Quem somos?
Educadores bancários que definem o conteúdo antes mesmo do primeiro contato com os educandos?
Ou politizadores dos cidadãos, dando-lhes armas para lutar contra as desigualdades sociais? Um educador libertador cujo conteúdo é a devolução, sistematizada, daquilo que o educando lhe entregou de forma desestruturada? Conteúdo esse que tinha como berço a cultura do educando e a consciência que ele tinha do mesmo.
"O homem é aquilo que sabe".
(Francis Bacon)
Fonte:
Pedagogia do Oprimido - Paulo Freire.