domingo, 25 de outubro de 2009

A CORRIDA DOS SAPOS



Era uma vez uma corrida de sapinhos. Eles tinham de subir uma grande torre e, atrás havia uma multidão, muita gente para vibrar com eles.
Começou a competição!
A multidão dizia: - Não vão conseguir, não vão conseguir!
Os sapinhos iam desistindo, um a um, menos um que continuava subindo.
Aí aclamava a multidão - Você não vai conseguir!
E o sapinho continuava subindo, tranquilo.
Ao final da competição, todo mundo queria saber o que aconteceu e, quando foram perguntar ao sapinho como ele consegui chegar até o final, descobriram que ele era SURDO.
Quando vamos fazer alguma coisa que precise de coragem, devemos ignorar o pessimismo das pessoas que acham que não vamos conseguir.
O deficiente auditivo não ouve o mundo, ele sente o mundo.
O personagem Jonas do filme "Seu nome é Jonas", não ouvia, mas via o semblante das pessoas que o cercavam, sentia a discriminação e o descaso.
Victor, o menino selvagem, não falava porque fora criado entre animais e, com eles, aprendera grunhidos e modos selvagens. Quanto à audição, tenho certeza de que ouvia. Se não como poderia ter sobrevivido entre os animais, onde a audição é o principal sentido para a sobrevivência?
E o sapinho? Este era completamente surdo e, não vendo o semblante da multidão, nem a escutando, continuou com seu propósito, sem ser influenciado pela negatividade alheia.
Devemos oportunizar para que nossos dias sejam proveitosos, produtivos e, principalmente, felizes. Nunca devemos permitir que pessoas com o péssimo hábito de serem negativas derrubem as melhores e mais sábias esperanças de nossos corações.

O MENINO SELVAGEM

O filme O Menino Selvagem retrata, fielmente, as bárcaries cometias contra os surdos.
Por volta de 1800, numa floresta francesa, foi encontrada uma criança grosseira, que agia como um animal, um selvagem. Levada para Paris, foi observada pelo mais célebre psiquiatra da época, Pinel, que concluiu que o menino fora abandonado por ser um idiota e que as possibilidades de educá-lo seria infrutíferas. Foi examinado, também, pelo jovem médico Itard, que, ao contrário, considerou ser possível recuperar o menino, pois acreditava que seu atraso fora provocado pelo seu isolamento total da civilização e não por inferioridade congênita. Para provar que estava com a razão, Itard pediu a tutela desta criança. Assim, em sua casa, com a ajuda de sua governanta, iniciou a difícil tarefa de desenvolver as faculdades dos sentidos, intelectuais e afetivas de Victor, nome pelo qual passou a chamar esta criança.
É desnecessário dizer que a história é verídica e os personagens são reais e isto deixou-me abalada em ver os horreores cometidos contra o menino.
Nós, seres humanos ditos normais, temos a péssima mania de diagnosticar nossos semelhantes com pequenas anormalidades como "doidos varridos", sem nem ao menos procurar saber as causas e o que são essas anormalidades. Devemos parar e pensar, o que seria de nós se fossemos privados da socialização com outras pessoas, mesmo que por um período curto?
No Brasil, Pinel é sinônimo de "pessoa doida". Isto se deve ao fato de que muitos hospitais psiquiátricos receberam este nome em homenagem a Philippe Pinel. Pinel ficou conhecido por considerar que os seres humanos que sofriam de perturbações mentais eram doentes e que deveriam ser tratados como tais e não de forma violenta.
A violência não era característica apenas do mundo selvagem. Ao longo do filme, podemos ver diversos tipos de violência. Por muitas vezes, a sociedade civilizada era mais violenta do que o meio em que o menino vivia.
Na cena em que os meninos surdos perseguiram e agrediram Victor, foi retratada a resposta desses mesmos meninos àquilo que vivenciaram até então, ou seja, encontraram alguém inferior a eles e que merecia receber o mesmo tratamento que vinham recebendo desde que nasceram.
Apesar da lentidão, muitas vezes duvidosa, da educação intelectual do menino, o jovem Dr. Itard acreditava que ele tinha uma consciência moral (deduzi que esta era a razão pela qual lhe dedicou tntos anos), e esta situação de moralidade lhe dava condições de ser reintegrado na sociedade.
O menino, a cada dia que passava, colaborava mais com o projeto do médico. Esta colaboração era uma resposta ao trabalho tanto do médico, que seguia um método objetivo e racional (aprendizagem de uma linguagem simbólica, humaniação de alguns comportamentos) como o da governanta que lhe atendia as necessidades físicas e afetivas.
É óbvio que naquele tempo não havia jogos educacionais como os de hoje em dia, ms foi interessante ver o menino brincando com os símbolos, demonstrando interesse e um pequeno desenvolvimento cognitivo. O Dr. Itard provou, consciente ou inconscientemente, que os jogos auxiliam no desenvolvimento psicomotor das crianças.
Ouso dizer que os métodos utilizados pelo médico continuam atuais e provocadores de reflexão. A médica e pedagoga italiana Maria Montessori (reli sobre ela na interdisciplina Didática, Planejamento e Avaliação) era uma entusiasta de seus métodos e muito se interessou pelos relatórios deixados.
Um fato curioso e digno de ser citado que é Victor foi educado longe do contato com outras crianças. Penso que outras crianças auxiliariam, e muito, no desenvolvimento do menino. Não sei se isto foi uma falha do médico ou foi intencional. Não podemos esquecer que Victor fora agredido por crianças e a presença de uma delas poderia gerar medo, revolta. Isto é um fato que merece ser pensado e discutido. Qual a razão do médico de não ter utilizado a vivacidade e cumplicidade de outra criança?




Imagem do filme "O Menino Selvagem".

HISTÓRIA DOS SURDOS

Ao longo dos tempos, os surdos travaram grandes batalhas pela afirmação da sua identidade, da comunidade surda, da sua língua e da sua cultura.
Foi uma longa caminhada, povoada de tropeços e discriminações, mas ao contrário de gerar desesperança, serviu de alavanca na busca de "um lugar ao sol".
No Egito, os Surdos eram adorados como se fossem enviados dos céus, serviam de mediadores entre os deuses e os Faraós, sendo temidos e respeitados pela população. Imaginem que destino teriam se o povo descobrissem que não eram enviados celestes.
Ao contrário do povo egípcio, outros povos cometim atrocidades contra o indivíduo que tivesse a infelicidade de nascer com deficiência auditiva: eram oferecidos em sacrifício aos deuses ou, simplesmente, assassinados.
Na Grécia Antiga, os surdos eram encarados como seres incompetentes, idiotas. Aristóteles pregava a idéia de que os que nasciam surdos, por não possuirem linguagem, não eram capazes de raciocinar. Essa crença da época fazia com que os Surdos fossem marginalizados, juntamente com os deficientes mentais e os doentes, sendo, muitas vezes, condenados à morte.
Todas essas barbáries poderiam ser justificadas pela ignorância sobre esta deficiência. Não existia alguém disposto a manter uma comunicação com o surdo. Ou será que o objeto motivador da discriminação e extermínio destes seres tão iguais a qualquer um de nós foi a ganância? Ganância por bens alheios, pois os surdos não tinham o direito de reclamar heranças e, em muitos casos, possuirem propriedades. Não! Ficou óbvio que não foi por falta de esclarecimento, pois Sócrates. em 360 a.C., declarou que era aceitável que os Surdos se comunicassem com as mãos e o corpo.
Até a Idade Média, a Igreja Católica acreditava que os Surdos, diferentemente dos ouvintes, não possuiam uma alma imortal, uma vez que eram incapazes de proferir os sacramentos. Quanta tolice! Em que Deus eles acreditavam?
Foi no fim da Idade Média e início do Renascimento que a deficiência passou a ser analisada sob a ótica médica e científica.
Pela primeira vez, já na Idade Moderna, distinguiu-se surdez de mudez. A expressão surdo-mudo deixou de ser designação de surdo. Mas, ainda hoje, ela é usada.
De lá para cá, a comunidade surda foi conquistando seu espaço, os seus direitos de cidadãos. Foram criadas escolas para surdos, linguages de sinais e, graças a Deus, acabaram-se as bárbaries contra os deficientes auditivos, pois assim a humanidade pode se beneficiar com as criações de muitos deles.
Podemos citar, entre muitos:
Helen Keller foi um dos maiores exemplos de que as deficiências sensoriais naõ são obstáculos para se obter sucesso, famosa pelo extenso trabalho que desenvolveu em favor das pessoas portadoras de deficiência.
Annie Sullivan, educadora dos EUA, também surda, ficou conhecida por ter sido a professora de Helen Keller.
Chrles-Michel de I'Épée, educador filantrópico francês, ficou conhecido como o "Pai dos Surdos".
Emmanuelle Laborit, atriz francesa e diretora do Teatro Visual Internacional.
John Bulwer, primeiro inglês a desenvolver um método de comunicação entre ouvintes e surdos.
George Dalgano, intelectual inglês que propôs um sistema linguistico a ser usado pelos surdos e que, ainda hoje, é usado nos EUA.
Jonathan Swift, autor de Gulliver, obra que vem encantando todas as gerações.
Ludwig Van Beethoven, ficou surdo aos 31 anos e, ainda assim, continuou compondo.
Wolfang Amadeus Mozart também apresentava sinais de baixa audição.
Sueli Ramalho Segala, atriz, escritora, professora de línguas e intérprete brasileira. No Brasil, faz trabalhos de intérprete em fóruns de congressos. É poliglota em 32 línguas de sinais.
Júlio César, ex atleta e educador, atualmente trabalha com crianças e jovens surdos. Desenvolveu o Projeto Educação Integral do Surdo através do Esporte.
C.J.Jones é um dos atores afroamericanos que mais atua em Hollywood.
Você sabia...
... que Goya mudou seu estilo de pintar quando ficou surdo?
... que Salvador Dali esculpiu a Vênus Otorhinológica para evocar a confusão dos sentidos?
... que ninguém sabe exatamente o número de surdos existentes no Brasil, embora eles sejam estimados em mais de 15 milhões?
...que Van Gogh, pintor holandês, além de apresentar sintomas de esquizofrenia, ouvia zumbidos, o que o levou a amputar sua orelha direita?
... que Alexander Graham Bell, inventor do telefone, filho de Alexander Melville Bell (instrutor de surdos-mudos e especialista em problemas auditivos), fez o primeiro aparelho eletrônico de amplificação do som para a surdez, pois sua esposa ficou surda?
...que Vanessa Vidal, segunda colocada no Miss Brasil 2008 é a primeira candiata deficiente auditiva a concorrer a este título?
Atualmente, os discusos em relação às pessoas com deficiência auditiva é muito bonito, mas a prática é muito diferente. O surdo, muitas vezes é tido como um incômodo para a sociedade, pois vão onerar o sistema previdenciário, uma vez que não podendo trabalhar, receberão pensão. Não paramos para pensar que estes indivíduos passam a ser "encostados do INSS" por culpa da própria sociedade que não lhes forneceu condições de obter e seguir uma carreira digna.
Além disso, os surdos não obtendo a atenção e a paciência dos ouvintes, acabam ficando relegados à um isolamento total, o que, muitas vezes, ocasiona problemas psicológicos. O mesmo acontece com as pessoas de idade, que normalmente já são marginalizadas e que, pela perda da audição, ficam cada vez mais isoladas.
Fontes:
Texto proposto pela interdisciplina, A História dos Surdos.

sábado, 17 de outubro de 2009

ESCOLA NOVA


A interdisciplina de Didática, Planejamento e Avaliação, através do Enfoque Temático 5 - Trabalhos Integrados, nos sugeriu algumas leituras como preparação para o próximo enfoque temático. Estas leituras foram produdivas e nostálgicas, pois me reportaram para o tempo em que estudei, na disciplina de Sociologia da Educação, na Faccat, as Tendências Pedagógicas Conservadoras.
A pedagogia, como teoria prática, caracteriza-se pela ação construtiva da formação humana, por meio de critérios socialmente estabelecidos, que indicam o tipo de homem a formar, para qual sociedade e com qual propósito.
Neste último século, o Brasil foi palco de muitas tendências pedagógicas, cada uma, analisada sociologicamente, como a melhor, pelo menos naquele tempo histórico.
A Escola Tradicional possuia entre seus componentes, o pressuposto de que o grande problema do ensino residia nos fatores de natureza externa ao aluno. Privilegiava o conhecimento e a disciplina. O professor era o centro do processo educativo, que transmitia o saber sistematizado através do método expositivo. Dava ênfase no aprender, através da reprodução dos conhecimentos. Embora em sérias limitações, a pedagogia tradicional ainda está presente em inúmeras instituiçoes de ensino.
Para contradizer a Escola Tradicional, a Escola Nova surge das forças produtivas, com influência do processo de industrialização.
A Escola Nova privilegia o atendimento às diferenças individuais. O aluno é visto como centro do processo educativo. O professor é o estimulador, orientador da aprendizagem. Há uma busca de não diretividade por parte do professor, dando ênfase no aprender a aprender.
Mas, como surgiu a Escola Nova?
Em 1932, era publicado o Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova, escrito por Fernando de Azevedo e assinado por vários intelectuais da época, entre eles, Anísio Teixeira. O Manifesto representou um divisor de águas entre educadores progressistas e conservadores. O Brasil estava passando por transformações materiais e muitas ainda deveriam ocorrer, dando novas perspectivas à população brasileira. Se a sociedade passava por mudanças, era preciso que a escola preparasse o novo homem, um homem moderno para integrar-se à nova sociedade que deveria ser essencialmente democrática.
JOHN DEWEY
Filósofo norte-americano que defendia a democracia e a liberdade de pensamento como instrumentos para a maturação emocional e intelectual das crianças.
"O professor que desperta o entusiasmo em seus alunos conseguiu algo que nenhuma soma de métodos sistematizados, por mais corretos que sejam, pode obter".
"A meta da vida não é a perfeição, mas o eterno processo de aperfeiçoamento, amadurecimento, refinamento."
A idéia básica do pensamento de John Dewey sobre a educação está centrada no desenvolvimento da capacidade de raciocínio e espírito crítico do aluno. Uma das principais lições deixadas por ele é a de que, não havendo separação entre vida e educação, esta deve preparar para a vida, promovendo seu constante desenvolvimento. Como ele dizia, "as crianças não estão num dado momento sendo preparadas para a vida e, em outro, vivendo. Então qual é a diferença entre preparar para a vida e passar de ano? Como educar alunos que têm realidades tão diferentes entre si e que, provavelmente, terão também futuros tão distintos?"
MARIA MONTESSORI
"Cada um de nós tem o potencial de aprender."
O método Montessori ou pedagogia Montessoriana consiste em harmonizar a interação de forças corporais e espirituais, corpo, inteligência e vontade.
Os princípios fundamentais do sistema Montesori são: a atividade, a individualidade e a liberdade.
A pedagogia de Montessori insere-se no movimento das Escolas Novas como uma oposição aos métodos tradicionais que não respeitavam as necessidades e os mecanismos evolutivos do desenvolvimento da criança.
Um dos maiores legados que Maria Montessori deixou para que a criança construa seu conhecimento é o MATERIAL DOURADO.
OVIDE DECROLY
"Convém que o trabalho das crianças não seja uma simples cópia, é necessário que seja realmente a expressão de seu pensamento".
"O meio natural é o verdadeiro material intuitivo capaz de estimular forças escondidas da criança."
Suas teorias têm um fundamento psicológico e sociológico e podemos resumir os critérios de sua metodologia no interesse e na auto-avaliação. Promove o trabalho em equipe, mas mantendo a individualidade do ensino com o fim de preparar o educando para a vida. A ausência de ideais religiosos é uma das características de seu modelo pedagógico.
O valor de sua obra está no destaque que emprestou às condições do desenvolvimento infantil; a educação, segundo ele, não se constitui na preparação para a vida adulta; a criança deve viver os seus anos jovens e as dificuldades que surgirem em cada fase, para serem resolvidas no momento certo, ou seja, a criança deve ser criança e não um adulto em potencial.
Ele também transformou a maneira de aprender e ensinar, ajustando a psicologia da criança e em nenhum momento deixou de lado nada que a escola deve ensinar à criança.
Para Decroly, a sala de aula está em toda a parte: na cozinha, no refeitório, no quintal, no museu, na cidade, no campo,...
Seu método, mais conhecido como "Centros de Interesse", destinava-se especialmente às crianças das classes primárias, onde os conhecimentos e interesses infantis aparecem associados.
Nesses centros, a criança passava por três momentos: Observação, associação e expressão.
O método dos "centros de interesse" partia da idéia da globalização do ensino para romper com a rigidez dos programas escolares. Para ele, existem seis centros de interesse que poderiam substituir os planos de estudos construidos com base em disciplinas: 1)a criança e a família; 2) a criança e a escola; 3)a criança e o mundo animal; 4) a criança e o mundo vegetal; 5) a criança e o mundo geográfico; 6) a criança e o universo. Os centros de interesse são uma espécie de idéias-força em torno dos quais convergem as necessidades fisiológicas, psicológicas e sociais do aluno. Freinet e Paulo Freire, nesse sentido, partindo da leitura do mundo, do respeito à cultura primeira do aluno, buscam desenvolver o aprendizado através da livre discussão dos temas geradores do universo vocabular do aluno.
O método de Decroly gerou controvérsias e o maior defeito desses programas é que ele se inspirava em mestres sábios em suas especialidades, mas totalmente incompetentes em matéria de psicologia infantil. Considerando que era fundamental dar a todos uma cultura geral idêntica, eles não se perguntaram se, desa forma, seria conveniente às crianças.
CÉLESTIN FREINET
"Se não encontrarmos respostas adequadas a todas as questões sobre educação, continuaremos a forjar almas de escravos em nossos filhos".
Crítico da escola tradicional e das escolas novas, Freinet foi criador do movimento da escola moderna. Seu objetivo básico era desenvolver uma escola popular. Hoje em dia as suas propostas continuam, ainda, a ser uma grande referência para a educação. A criança era considerada o centro da educação, pois a educação não começa na idade da razão, mas sim desde que a criança nasce.
No seu livro Para uma escola do povo, Freinet escreveu:
A escola popular é uma educação que corresponde a necessiades individuais, sociais, intelectuais, técnicas e morais da vida do povo, uma nova etapa para a formação da escola.
A escola do amanhã será centrada no aluno como membro da comunidade, em suas necessidades essenciais, onde a criança deverá alcançar o seu destino futuro, onde para prepará-las haverá um ambiente adequado, material e técnicas capazes para ajudar nessa formação. Esta escola será disciplinada, pois ela será organizada na atividade e na comunidade escolar, mas não devemos queimar todos os vestígios da escola do passado, a adaptação da escola do amanhã será equilibrada, harmoniosa, a serviço da vida.
Sabe-se que a prática escolar está sujeita a condicionantes de ordem sociopolítica que implicam diferentes concepções de homem e de sociedade e, consequentemente, diferentes pressupostos sobre o papel da escola e da aprendizagem. O modo como os professores realizam seu trabalho tem muito a ver com estes pressupostos teóricos, mas não existe nenhuma lei que impeça o professor de respeitar a criatividade do aluno, sua cultura, sua infantilidade.
Nós, professores, temos o dever de tornar nossas aulas proveitosas, produtivas, harmoniosas e felizes. Não podemos cometer o erro de podar sonhos, pois as escolas são sementes do futuro. Sigamos as palavras de Dewey: "O professor que desperta o entusiasmos em seus alunos conseguiu algo que nenhuma soma de métodos sistematizados, por mais corretos que sejam, podem obter". E este entusiasmo política nenhuma consegue derrubar.
Fontes:
O Movimento da Escola Nova e suas bases históricas.
Meus apontamentos na cadeira de"Sociologia da Educação I", com a professora Lorena Maria de Quadros Stein.

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

E SEU NOME É JONAS



O filme narra a história de uma criança que vive três anos e meio numa clinica para doentes mentais e somente então descobrem que ela é apenas surda.

A época histórica do filme é a década de setenta, onde a medicina já está muito avançada. A família, por ignorância sobre o assunto, não conseguiu detectar o problema do menino, confiando plenamente nos diagnósticos médicos. Mas que profissionais da saúde são esses que levaram tanto tempo para descobrir que a criança não era portadora de nenhuma deficiência mental, somente auditiva, que não era um "retardado" (termo muito usado durante toda a película)?

Preso em um assustador e solitário mundo de silêncio, esta criança tem de abrir caminho entre a inexperiência da família, a discriminação explicita da sociedade, o descaso do pai e a morte de seu melhor amigo.

Este filme me fez lembrar de outros que assisti, do mesmo gênero.

Os Filhos do Silêncio que conta a história de amor entre um professor de deficientes e uma moça surda e O Milagre de Annie Sullivan que assisti a décadas atrás e, pelo que me lembro, relata a história de uma menina semelhante ao Jonas e, parece que ainda era cega, mas que encontra um anjo chamado Annie que lhe ensina a viver e a encontrar a felicidade.

Vivemos uma época histórica caracterizada por crises políticas, violências e turbulências emocionais, mas também pelo surgimento de oportunidades. Oportunidade de aprender e saber servir ao próximo e ao mundo, oportunidade de ser útil numa sociedade injusta e egoista. Não podemos deixar escapar nenhuma dessas oportunidades. Não podemos deixar que as incapacidades das pessoas nos impossibilitem reconhecer suas habilidades.

Quantos Jonas já cruzaram o nosso caminho e quantos ainda hão de cruzar. Não digo que estou preparada para atender um deficiente auditivo em minha sala de aula, tenho certeza que muito pouco vou contribuir para sua aprendizagem, mas farei o possível (se um dia ocorrer) para fazê-lo sentir-se amado. Afinal, existem os Jonas e as Annies!

domingo, 4 de outubro de 2009

ALFABETIZAÇÃO E A PEDAGOGIA DO EMPOWERMENT POLÍTICO

O que é EMPOWERMENT ?
Este termo está, cada vez mais, sendo utilizado em artigos e textos acadêmicos, que estejam ligados ao serviço social e à política social.
O empowerment parte da idéia de dar às pesoas o poder, a liberdade e a informação que lhes permitam tomar decisões e participar ativamente da organização social.
O texto "Alfabetização e a Pedagogia do empowerment Político", de Henry Giroux, refere-se à idéia de uma alfabetização cujas ordens de conhecimento, dos valores e as práticas sociais, tivessem prioridade na luta por uma sociedade democrática.
Uma das práticas na alfabetização está no treinamento para o trabalho, onde os currículos se adaptem ao mercado de trabalho. Outra forma de alfabetização se daria na forma ideológica, na construção do caráter individual, institucional e tradicional.
A alfabetização em Freire não é meramente uma habilidade técnica, deve ser compreendida como um projeto político no qual, homens e mulheres afirmem seu direito e sua responsabilidade não apenas de ler, compreender e transformar suas experiências pessoais, mas também, de reconstruir sua relação com a sociedade. Neste sentido, a alfabetização é fundamental para dar condições à todos de se posicionar na sociedade, de, realmente, sentir-se parte de um projeto mais amplo de possibilidades, individual e social.
A minoria detentora do poder, na sociedade, constrói muros que impedem ou limitam a interação entre os homens. Para os não alfabetizados, as barreiras são enormes:
Barreiras sociais: impossibilidade de intercâmbio com outros sujeitos, dentro da mesma comunidade social.
Barreiras Culturais: desqualifica o sujeito, que é tido como incapaz, impedindo-o a ter acesso a muitos campos culturais (cinema, teatro, bibliotecas, debates políticos,...)
Barreiras Pessoais: oportuniza uma auto-exclusão. O próprio sujeito se auto-discrimina e,aumentando a barreira social e cultural.
Cabe à educação fazer com que "muros" não sejam construídos. Porém esta prática vai demorar a "colher" os frutos. Então, é nosso dever, orientar a população educacional a não enfraquecer diante de barreiras. Elas existem e sempre existirão. Cabe à nós, cidadãos, persistir na escalada e não se deixar abater.
Fonte de referência:
GIROUX, Henry.Alfabetização e a Pedagoia do Empowremente Político. In: FREIRE, Paulo e MACEDO, Donaldo. Alfabetização:Leitura da palavra, leitura do mundo.

LIBRAS


Ser surdo é não ouvir o mundo, é sentir o mundo.
O indivíduo surdo é desprovido de audição, com uma enorme experiência visual, pois utiliza a visão em substituição total à audição, como meio de comunicação. Desta experiência visual surge a cultura surda, representa pela língua de sinais, pelo modo diferente de ser, de se expressar, de conhecer o mundo, de entrar nas artes, no conhecimento científico e acadêmico.
Penso que não exista alguém que possa dizer que nunca conheceu um deficiente auditivo, mas uma grande parte da população, com certeza, nunca teve oportunidade de interagir com uma pessoa nessas condições.
Cresci brincando com um deficiente auditivo. Nosso entrosamento era tão perfeito que, erroneamente, julgava que ele somente "não sabia falar". Bem mais tarde descobri que ele não falava porque não ouvia. Mas isto não impediu que tivéssemos uma amizade verdadeira e pudéssemos fazer uso de toda e qualquer brincadeira.
Há alguns anos atrás, fiz um curso de Libras. Foram vários meses com uma aula semanal. Adorei! O professor era deficiente auditivo, mas tinha uma intérprete para nos auxiliar nas dificuldades. Houve interação com os alunos da escola especial de surdos, houve teatro. Senti, naqueles meses de curso, que cresci. Cresci como ser humano, pois estava me preparando para me comunicar com uma parte da população que, de um modo ou de outro, é discriminada. É uma pena, que por não ter oportunidade de colocar em prática o que aprendi, fui esquecendo.
Todo ano, quando trabalho os meios de comunicação com meus alunos, ensino Libras para eles. Cada um recebe uma folha com os sinais (semelhante ao demonstrado acima), é colocado um grande cartaz na parede. Cada aluno aprende seu nome e, naquele dia, se possível, não haverá sons na sala de aula.
Caracterizo o surdo como uma pessoa que não foi gratificada com o uso da audição, mas que tem uma sensibilidade extraordinária para sentir as coisas. Ele não ouve o mundo, sente-o. Ao contrário de muitas pessoas que não são surdas, mas estão surdas: surdas para a miséria alheia, surdas para o grito de alerta do planeta, surdas para Deus.