terça-feira, 1 de dezembro de 2009

PLANEJAR E AVALIAR



Planejar para avaliar ou avaliar para replanejar?
Planejar é abrir caminhos. Caminhos rumo à aventura do saber, à viagem do prazer da realização, ao alargamento dos limites, ao eterno sonho humano: eu sei, eu conheço.
Planejar é abrir portas para a criação, a experiência e a satisfação de observar o educando soltar as rédeas na busca de conhecimentos, na construção da sua história.
Ensinar é interrogar, é instigar, desafiar; fazer pensar, imaginar; deslocar o aluno para um novo patamar. É ter a expectativa de ver seu aluno crescendo, não apenas na idade, mas também em experiência de si e do mundo, em sabedorria.
Avaliar é retomar percursos. Se a viagem do conhecimento não foi bem sucedida, viajante e guia devem refazer a trajetória, outro percurso que enriqueça a inteligência natural do aprendiz, que não desvalorize a sensibilidade, a emoção, a imaginação do educando.
Avaliar é resgatar o que foi perdido, é repensar os limites do universo cultural dos alunos.
O único objetivo que a avaliação deveria ter é a sondagem, diagnóstico das habilidades do aluno, para que o professor possa saber de onde recomeçar e para que direção ir. Replanejar!

domingo, 29 de novembro de 2009

Refletindo Sobre PA's

Falar em aprendizagem por projetos é, necessariamente, se referir à formulação de questões pelo autor do projeto, pelo sujeito que vai construir o conhecimento. O aluno não é um ser desprovido de ideias e curiosidades, ao contrário. E é através dessas ideias e curiosidades, de seu conhecimento prévio que ele vai se movimentar e interagir com o desconhecido, provocando a construção do conhecimento.
Um PA vai ser gerado pelos conflitos, pelas perturbações no sistema de significações dos conhecimentos prévios do aprendiz.
Para começar, a curiosidade do aluno deve ser apresentada através de uma questão de investigação.
A questão de investigação norteia o projeto de aprendizagem e, por este motivo, ela deve ser uma questão ampla, para não restringir o assunto e encaminhar a aprendizagem para um único caminho, mas isto não significa que ela não possa ser refinada, reestruturada à partir dos conhecimentos que estão sendo construidos. E deve ser autêntica do aluno, deve ser gerada da curiosidade pelo novo e não algo que já é de seu conhecimento.
Após formular a questão de investigação, deve-se fazer um levantamento das dúvidas temporárias e da certezas provisórias que servirão de base para o estudo do assunto. Este assunto, esta procura por respostas irá refutar ou esclarecer as dúvidas e certezas e bem provável que surgirão novas dúvidas e novas certezas, estas deverão ser analisadas e incorporadas, ou não, ao projeto.
O professor deve servir de guia, de âncora, de suporte para a cosntrução do PA. Deve orientar o aluno a aproveitar os espaços de interação e de publicação de seu projeto. Ele deve ser de fácil compreensão, pelo professor, pelos colegas e por ele mesmo. É aconselhável, melhor, é necessário que façam Mapas Conceituais, pois eles são uma representação do conjunto de informações que mantem relações evidentes entre si. O mapa conceitual serve de guia para o que deve ser feito e de busca para o que já foi feito.
Os registros não devem fugir do tema proposto, pois eles são um documento do conhecimento adquirido.
A síntese final deve conter as aprendizagens construidas, os recursos utilizados, as principais fontes de busca.
Não é impossível realizar um PA sózinho, mas os alunos devem entender que o trabalho em grupo vai gerar debates, polêmicas, troca de ideias,...
Como nada anda só, ao buscar um conhecimento, o aluno vai se deparar com saberes referentes a outras áreas do conhecimento. Isto é interdisplinaridade. Os PAs oportunizam uma ligação significativa entre as múltiplas disciplinas.
Para concluir, o professor que utiliza como recurso pedagógico um PA, oportuniza seus alunos a não só encontrar informações, mas a aprender a selecionar o que realmente importa à questão inicial. Oportuniza a disciplina em sala de aula, pois quando os alunos são encaminhados por trilhas que captem a sua atenção, não haverá problemas de disciplina, desatenção e dispersão de objetivos.
A criança é um inquiridor por excelência, é de sua natureza perguntar e polemizar um assunto e é justamente esta curiosidade que lhe abrirá as portas do conhecimento, tornando um adulto crítico e dialógico. É imprescíndivel que o professor ou qualquer pessoa ligada à educação de uma criança fomente nela o hábito de questionar as situações.
Trabalhar com PA's implica em assumir responsabilidades sobre a real aprendizagem da criança. Para isso, é fundamental que o professor seja parceiro no trabalho do aluno, se proponha a acompanhar o processo e avaliar os resultados, juntamente com o aluno.
Observação: Esta postagem não premia nenhuma atividade em especial, ou melhor, premia todas. Ela me servirá de suporte e orientação para guiar meus alunos nos PA's vindouros.

domingo, 22 de novembro de 2009

PROJETOS DE APRENDIZAGENS













Um projeto surge em resposta à uma necessidade, a um problema concreto. Elaborar um projeto é contribuir para a solução desse problema, transformando as idéias em ações.
Como dizia Paulo Freire: ninguém educa ninguém, mas ninguém, tampouco, se educa sozinho. O ser humano se educa em comunhão, no contexto de viver sua vida neste mundo". (Pedagogia do Oprimido)
Nós nos educamos uns aos outros na interação de uns com os outros. Nessa interação vamos nos transformando em sujeitos capazes de definir, autonomamente, um projeto de vida e de transformá-lo em realidade.
Uma pedagogia de projetos encara a educação como a única ferramenta pela qual o ser humano projeta e constrói a sua própria vida, utilizando algo que lhe é natural e motivador.
Através de um projeto de aprendizagem, a criança é incentivada a explorar e a investigar seus interesses. Ao professor, cabe a responsabilidade de tornar útil a atividade da criança, promovendo, assim, o desenvolvimento das competências básicas necessárias para que ela se torne capaz de sonhar seus próprios sonhos e transformá-los em realidade.
Como aluna do Pead, foi-me proposto realizar, em comunhão com outras colegas, projetos de aprendizagem.
O primeiro PA foi sobre a influência da Lua sobre o ser humano. Abriu-se um vasto campo de pesquisa: internet, livros, entrevistas. Nada ficou definitivo sobre a real influência desse satélite natural da Terra.
O segundo PA foi sobre os jogos de computador e não é nenhuma novidade o uso de jogos na educação de crianças. Na antiguidade já eram utilizados jogos e brincadeiras na educação infantil, onde alguns filósofos se utilizam deles para ensinar seus discípulos. Platão afirmava a necessidade de a criança aprender divertindo-se. Mesmo para um adulto, é fato de que os jogos são grandes auxiliares para o bom funcionamento do cérebro. Mas, quanto aos jogos de computador, ou heurísticos, não encontramos fatos suficientes que afirmem que afirmem que os benefícios são maiores que os malefícios. Benefício porque estimula a criatividade. Malefício porque causa, a longo prazo, tendinite, obesidade, atrofiamento dos membros inferiores, ...
Após estes dois PA's, senti-me meio desalentada em aplicar com meus aunos de 3° ano, mas mesmo assim, tentei.
Tive uma agradável surpresa ao propor um projeto de aprendizagem sobre animais.
Nas dúvidas e certezas, as crianças demonstraram um grande conhecimento sobre o assunto. Daí em diante, as pesquisas sobre as dúvidas e curiosidades foram realizadas com satisfação pelos alunos, conquistando, assim, uma verdadeira aprendizagem sobre estes nossos compenheiros de jornada terrena. Toda aprendizagem realizada, jamais será esquecida. Tenho certeza!

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

QUERIDO DIÁRIO!



Durante toda minha adolescência, vi minhas amigas dedicarem boa parte de seu tempo aos seus diários. Penso que eu era anormal, pois nunca me interessei em registrar minha vida nas folhas brancas e frias de um livrinho. Dedicava meu tempo a viver cada momento com entusiasmo, pois cada minuto é único. Não volta mais!
Hoje, "folheei" meu portfólio e cheguei à conclusão de que ele é o "diário" da minha vida no PEAD.
Reli algumas postagens. Relembrei algumas interdisciplinas e "matei" a saudade de conteúdos que fizeram a diferença na minha vida profissional.
Quantas leituras realizadas. Quanta aprendizagem.
Mesmo agora, enquanto faço esta reflexão sobre cada passagem de meu portfólio, fiz uma grande aprendizagem. Aprendi a real importância desta ferramenta.
No início do curso, quando foi proposto o Portfólio de Aprendizagem, minha compreensão sobre ele trilhou um caminho errôneo. Entendia que ele apenas era mais uma atividade. Estava errada!
O portfólio é uma ferramenta de avaliação e autoavaliação. Oferece aos tutores uma oportunidade de análise sobre o minha comprensão das leituras e atividades propostas, detectando minhas dificulfades (se houver) e agindo em tempo, objetivando meu crescimento educativo. Como instrumento de autoavaliação, oportuniza-me avaliar meu desenvolvimento no processo de aprendizagem, minha evolução nos conhecimentos.
A particularidade do Portfólio é o processo constante de reflexão oportunizado pelo confronto das postagens nas diversas disciplinas e a conscientização da ligação que existem entre elas, cujas finalidades educativas atingem a mesma meta: a prendizagem.
O Portfóilio de Aprendizagem é muito mais que um registro diário, ou semanal, de minhas atividades no Pead, é um documento. E neste documento eu descrevo, de uma forma mais sucinta, minhas atividades no Pead e o conjunto dessas descrições provam o quanto progrediu o meu conhecimento.

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

EDUCAÇÃO DOS SURDOS






Antes de pensarmos como começou a educação das pessoas desprovidas de audição, devemos pensar quando, ao longo da história do homem como habitante terreno, identificou-se a falta de audição do indivíduo. É fato que antes de se perceber que o homem não ouvia, ele foi "tachado" de louco. Hoje em dia, infelizmente, ainda o é.
Há pouco mais de um século, a mulher conquistou seu direito de cidadã. Antes disso, sua condição feminina destinava-se à procriação e afazeres domésticos (motivo do jargão "isto é coisa de mulher"). E a mulher surda?
No filme O Menino Selvagem, Victor fora atacado pelos alunos da escola de surdos. Meninos. Meninas surdas não tinham direito à escola? Ou havia escolas só para elas?
A educação de surdos começou, aproximadamente, a quinhentos anos, sendo que no início havia pouca compreensão sobre a surdez. A surdez e consequente mudez eram confundidas com falta de inteligência e baixa capacidade de aprendizagem.
Vejamos alguns educadores de surdos, dignos de serem comentados:
Charles-Michel de I'Épée destinava sua vida às obras de caridade e, numa de suas visitas aos pobres, encontrou duas irmãs surdas que se comunicavam através de gestos. À partir daí, decidiu dedicar-se aos surdos e fundou um abrigo que era sustentado por ele mesmo. O seu abrigo tornou-se a primeira escola para surdos.
Frei Ponce de Leon, monge beneditino que recebeu os créditos como primeiro professor de surdos.
Samuel Heinicke foi o primeiro educador a desenvolver uma instrução sistemática para os surdos na Alemanha.
Em meados do século XVI, Girolano Cardano propôs um conjunto de princípios que prometia uma ajuda educacional para os surdos, afirmando que estes podiam ser pensantes, compreenderem símbolos gráficos ou combinações de símbolos associados a objetos ou figuras que os representassem. Assim, no início de 1555, surgiu a educação oral para crianças surdas. Algumas crianças surdas de famílias nobres aprenderam a falar e a ler para poderem ser reconhecidas como pessoas nos termos da lei e herdar títulos e propriedades de suas famílias.
Jean Massieu, francês surdo e pioneiro na educação de surdos. Foi professor de Laurent Clerc.
Laurent Clerc foi chamado "O apóstolo dos surdos na América". Com Thomas Hopkins Gallaudet, fundou a primeira escola para surdos na América do Norte.
O Congresso Internacional de Milão, em 1880, foi um movimento obscuro na história da educação dos surdos. O comitê do congresso era unicamente constituído de ouvintes que tomaram a decisão de excluir a língua gestual no ensino dos surdos, substituindo-a pelo oralismo que, em consequência disso, foi a técnica preferida na educação de surdos nos fins do século XIX e grande parte do século XX.
Como ouvinte, pouco ou nada sabia sobre os modelos educacionais de surdos. Através da leitura dos textos sugeridos pela interdisciplina Lingua Brasileira de Sinais, tive a oportunidade de conhecê-los:
ORALISMO: método de ensino para surdos, no qual se defende que a maneira mais eficaz de ensinar o surdo é através da língua oral, ou falada. Defende que a Língua de Sinais deve ser evitada, pois atrapalha o desenvolvimento da oralização.
COMUNICAÇÃO TOTAL: após o fracasso do oralismo, foi adotada a comunicação total,ou seja, o uso simultâneo de uma língua oral e de uma linguagem sinalizada.
PEDAGOGIA SURDA: o surdo é reconhecido como um indivíduo inteligente, capaz de aprender e produzir, e não como um deficiente.
BILINGUISMO: tem como pressuposto básico que o surdo deve ser bilingue, ou seja, deve adquirir a linguagem de sinais, que é considerada a língua natural dos surdos, e a língua oficial da pátria mãe.
Pesquisei e li muito sobre este tema "Educação de Surdos" e cheguei a uma conclusão de que existia uma polêmica (talvez ainda haja) na educação de surdos. Havia os que defendiam o oralismo, havia também os que defendiam a língua de sinais e, ainda, uma corrente de defensores da Comunicação Total. Entendi que ao longo da história da educação de surdos, esses três métodos coexistiram sem que nenhum deles conseguisse prevalecer.
Como escreveu Harlan Lane, no texto "A política no ensino dos surdos", "os direitos ganham-se lutando", a educação de surdos ganhou mais espaço, o indivíduo não ouvinte adquiriu o que lhe era de direito: educação, reconhecimento como cidadão capaz. Mas não basta!
Somente no momento que todos levarem em consideração as restrições impostas aos indivíduos surdos é que os mesmos poderão levantar a bandeira da vitória. Não basta uma escola que ensine o deficiente auditivo a ler, escrever e comunicar com linguagem de sinais, onde esta linguagem só é compreendida por uma minoria. Quando este meio de comunicação for uma linguagem universal, obrigatória em todas as escolas e desde os primeiros anos de escolarização é que poderemos dizer "SOMOS TODOS UM SÓ!"
"O olhar e a movimentação dos lábios são mais eloquentes
e muitas vezes mais sinceros do que uma frase".
(Marina Colasanti)
Fontes:
LANE, Harlan - A Máscara da Benevolência, texto A política de ensino de surdos, página l70.

domingo, 1 de novembro de 2009

PEDAGOGIA DO OPRIMIDO OU PEDAGOGIA DO BOM SENSO?


"Se a educação sozinha não transforma a sociedade, sem ela tampouco a sociedade muda". (Paulo Freire)


Lendo o texto de Frei Betto, revi o método pelo qual fui alfabetizada. Não pretendo, de forma alguma, rechaçar a metodologia utilizada pela alfabetizadora, mesmo porque fui muito bem alfabetizada e, ainda hoje, lembro o nome da professora: Dalva.
Mas, assim como "Ivo viu a uva", eu vi a "Élida e o Olavo" que viam o ovo, a Eva e a uva. Foi muito tempo depois que passei a entender qua a uva é obra do Criador e não da criatura. Fui alfabetizada, mas não tinha consciência da praticidade daquele amontoado de apalavras que aprendi a decifrar.
Não havia diálogo, não havia nem mesmo uma conversinha à toa entre os colegas. Tudo era mecanizado, bem aceito e jamais discutido. Devíamos então fazer composição. Porém ninguém nos explicava que fazer uma composição não era somente fazer uma produção textual. Consequentemente, fazer uma composição era sinônimo de "lá vem chatice".
Passado tantos anos e após todas as leituras sugeridas pelo Pead, paro para pensar que aquela adorável professora era apenas um mero instrumento da "Pedagogia do Oprimido". Nesse processo, ela depositava o conteúdo em nossa cabeça, e nós o recebíamos como forma de armazenamento, não havia criatividade nem tampouco transformação do saber que trazíamos para a escola em nossa "bagagem cultural". A professora era a única detentora do saber, criando em nós a condição de sujeitos passivos que não participavam do processo educativos.
Agradeço a Deus por ter-me oportunizado nascer de pais com a "mira" voltada para o futuro. Meus progenitores sempre me incentivaram a ler e, em minha casa, nunca faltou material de leitura.
Paulo Freire é autor de uma vasta obra que ultrapassou as fronteiras do país e espalhou-se por muitas outras nações.
Segundo Paulo Freire, a educação é uma prática política tanto quanto qualquer prática política é pedagógica. Não há educação neutra. Toda educação é um ato político. Assim sendo, os educadores precisam construir conhecimentos com os educandos, tendo como meta um projeto político de sociedade. Os educadores devem ser, portanto, profissionais da pedagogia da política, pedagogia da esperança, pedagogia do bom senso.
Paulo Freire dedicou a obra Pedagogia do Oprimido aos "esfarrapados do mundo", sujeitos das camadas menos favorecidas que acabam por aceitar o que lhes é imposto, sem uma conscientização do seu real valor na sociedade, sem motivação ou coragem para lutar pela transformação da sua realidade. Deixou bem claro que somente um método que privilegie a ação e o diálogo é capaz de ser coerente com os princípios da verdadeira educação.
O diálogo é o grande incentivador da educação mais humana a até revolucionária. O educador, antes dono da palavra, passa a ouvinte, pois não é no silêncio que os homens se fazem, mas na palavra, no trabalho, na ação-reflexão.
"A existência, porque humana, não pode ser muda, silenciosa, nem tampouco pode nutrir-se de falsas palavras, mas de palavras verdadeiras, com que os homens transformem o mundo. Existir, humanamente, é pronunciar o mundo, é modificá-lo. O mundo modificado, por sua vez, se volta problematizado aos sujeitos pronunciantes, a exigir deles um novo pronunciar."
O diálogo oportuniza uma intercomunicação, o que gera a crítica e a problematização, pois os sujeitos do diálogo podem questionar, replicar, avaliar, aprender e ensinar.
Paulo Freire coloca a palavra como mais que um meio para que o diálogo se efetue. A palavra deve ser constituida de ação e reflexão. Sem a ação, perde-se a reflexão e a palavra transforma-se em verbalismo. Por outro lado, a ação sem reflexão transforma-se em ativismo.
Infelizmente, a liberdade educativa está longe de ser uma realidade universal.
Quem somos?
Educadores bancários que definem o conteúdo antes mesmo do primeiro contato com os educandos?
Ou politizadores dos cidadãos, dando-lhes armas para lutar contra as desigualdades sociais? Um educador libertador cujo conteúdo é a devolução, sistematizada, daquilo que o educando lhe entregou de forma desestruturada? Conteúdo esse que tinha como berço a cultura do educando e a consciência que ele tinha do mesmo.
"O homem é aquilo que sabe".
(Francis Bacon)
Fonte:
Pedagogia do Oprimido - Paulo Freire.

domingo, 25 de outubro de 2009

A CORRIDA DOS SAPOS



Era uma vez uma corrida de sapinhos. Eles tinham de subir uma grande torre e, atrás havia uma multidão, muita gente para vibrar com eles.
Começou a competição!
A multidão dizia: - Não vão conseguir, não vão conseguir!
Os sapinhos iam desistindo, um a um, menos um que continuava subindo.
Aí aclamava a multidão - Você não vai conseguir!
E o sapinho continuava subindo, tranquilo.
Ao final da competição, todo mundo queria saber o que aconteceu e, quando foram perguntar ao sapinho como ele consegui chegar até o final, descobriram que ele era SURDO.
Quando vamos fazer alguma coisa que precise de coragem, devemos ignorar o pessimismo das pessoas que acham que não vamos conseguir.
O deficiente auditivo não ouve o mundo, ele sente o mundo.
O personagem Jonas do filme "Seu nome é Jonas", não ouvia, mas via o semblante das pessoas que o cercavam, sentia a discriminação e o descaso.
Victor, o menino selvagem, não falava porque fora criado entre animais e, com eles, aprendera grunhidos e modos selvagens. Quanto à audição, tenho certeza de que ouvia. Se não como poderia ter sobrevivido entre os animais, onde a audição é o principal sentido para a sobrevivência?
E o sapinho? Este era completamente surdo e, não vendo o semblante da multidão, nem a escutando, continuou com seu propósito, sem ser influenciado pela negatividade alheia.
Devemos oportunizar para que nossos dias sejam proveitosos, produtivos e, principalmente, felizes. Nunca devemos permitir que pessoas com o péssimo hábito de serem negativas derrubem as melhores e mais sábias esperanças de nossos corações.

O MENINO SELVAGEM

O filme O Menino Selvagem retrata, fielmente, as bárcaries cometias contra os surdos.
Por volta de 1800, numa floresta francesa, foi encontrada uma criança grosseira, que agia como um animal, um selvagem. Levada para Paris, foi observada pelo mais célebre psiquiatra da época, Pinel, que concluiu que o menino fora abandonado por ser um idiota e que as possibilidades de educá-lo seria infrutíferas. Foi examinado, também, pelo jovem médico Itard, que, ao contrário, considerou ser possível recuperar o menino, pois acreditava que seu atraso fora provocado pelo seu isolamento total da civilização e não por inferioridade congênita. Para provar que estava com a razão, Itard pediu a tutela desta criança. Assim, em sua casa, com a ajuda de sua governanta, iniciou a difícil tarefa de desenvolver as faculdades dos sentidos, intelectuais e afetivas de Victor, nome pelo qual passou a chamar esta criança.
É desnecessário dizer que a história é verídica e os personagens são reais e isto deixou-me abalada em ver os horreores cometidos contra o menino.
Nós, seres humanos ditos normais, temos a péssima mania de diagnosticar nossos semelhantes com pequenas anormalidades como "doidos varridos", sem nem ao menos procurar saber as causas e o que são essas anormalidades. Devemos parar e pensar, o que seria de nós se fossemos privados da socialização com outras pessoas, mesmo que por um período curto?
No Brasil, Pinel é sinônimo de "pessoa doida". Isto se deve ao fato de que muitos hospitais psiquiátricos receberam este nome em homenagem a Philippe Pinel. Pinel ficou conhecido por considerar que os seres humanos que sofriam de perturbações mentais eram doentes e que deveriam ser tratados como tais e não de forma violenta.
A violência não era característica apenas do mundo selvagem. Ao longo do filme, podemos ver diversos tipos de violência. Por muitas vezes, a sociedade civilizada era mais violenta do que o meio em que o menino vivia.
Na cena em que os meninos surdos perseguiram e agrediram Victor, foi retratada a resposta desses mesmos meninos àquilo que vivenciaram até então, ou seja, encontraram alguém inferior a eles e que merecia receber o mesmo tratamento que vinham recebendo desde que nasceram.
Apesar da lentidão, muitas vezes duvidosa, da educação intelectual do menino, o jovem Dr. Itard acreditava que ele tinha uma consciência moral (deduzi que esta era a razão pela qual lhe dedicou tntos anos), e esta situação de moralidade lhe dava condições de ser reintegrado na sociedade.
O menino, a cada dia que passava, colaborava mais com o projeto do médico. Esta colaboração era uma resposta ao trabalho tanto do médico, que seguia um método objetivo e racional (aprendizagem de uma linguagem simbólica, humaniação de alguns comportamentos) como o da governanta que lhe atendia as necessidades físicas e afetivas.
É óbvio que naquele tempo não havia jogos educacionais como os de hoje em dia, ms foi interessante ver o menino brincando com os símbolos, demonstrando interesse e um pequeno desenvolvimento cognitivo. O Dr. Itard provou, consciente ou inconscientemente, que os jogos auxiliam no desenvolvimento psicomotor das crianças.
Ouso dizer que os métodos utilizados pelo médico continuam atuais e provocadores de reflexão. A médica e pedagoga italiana Maria Montessori (reli sobre ela na interdisciplina Didática, Planejamento e Avaliação) era uma entusiasta de seus métodos e muito se interessou pelos relatórios deixados.
Um fato curioso e digno de ser citado que é Victor foi educado longe do contato com outras crianças. Penso que outras crianças auxiliariam, e muito, no desenvolvimento do menino. Não sei se isto foi uma falha do médico ou foi intencional. Não podemos esquecer que Victor fora agredido por crianças e a presença de uma delas poderia gerar medo, revolta. Isto é um fato que merece ser pensado e discutido. Qual a razão do médico de não ter utilizado a vivacidade e cumplicidade de outra criança?




Imagem do filme "O Menino Selvagem".

HISTÓRIA DOS SURDOS

Ao longo dos tempos, os surdos travaram grandes batalhas pela afirmação da sua identidade, da comunidade surda, da sua língua e da sua cultura.
Foi uma longa caminhada, povoada de tropeços e discriminações, mas ao contrário de gerar desesperança, serviu de alavanca na busca de "um lugar ao sol".
No Egito, os Surdos eram adorados como se fossem enviados dos céus, serviam de mediadores entre os deuses e os Faraós, sendo temidos e respeitados pela população. Imaginem que destino teriam se o povo descobrissem que não eram enviados celestes.
Ao contrário do povo egípcio, outros povos cometim atrocidades contra o indivíduo que tivesse a infelicidade de nascer com deficiência auditiva: eram oferecidos em sacrifício aos deuses ou, simplesmente, assassinados.
Na Grécia Antiga, os surdos eram encarados como seres incompetentes, idiotas. Aristóteles pregava a idéia de que os que nasciam surdos, por não possuirem linguagem, não eram capazes de raciocinar. Essa crença da época fazia com que os Surdos fossem marginalizados, juntamente com os deficientes mentais e os doentes, sendo, muitas vezes, condenados à morte.
Todas essas barbáries poderiam ser justificadas pela ignorância sobre esta deficiência. Não existia alguém disposto a manter uma comunicação com o surdo. Ou será que o objeto motivador da discriminação e extermínio destes seres tão iguais a qualquer um de nós foi a ganância? Ganância por bens alheios, pois os surdos não tinham o direito de reclamar heranças e, em muitos casos, possuirem propriedades. Não! Ficou óbvio que não foi por falta de esclarecimento, pois Sócrates. em 360 a.C., declarou que era aceitável que os Surdos se comunicassem com as mãos e o corpo.
Até a Idade Média, a Igreja Católica acreditava que os Surdos, diferentemente dos ouvintes, não possuiam uma alma imortal, uma vez que eram incapazes de proferir os sacramentos. Quanta tolice! Em que Deus eles acreditavam?
Foi no fim da Idade Média e início do Renascimento que a deficiência passou a ser analisada sob a ótica médica e científica.
Pela primeira vez, já na Idade Moderna, distinguiu-se surdez de mudez. A expressão surdo-mudo deixou de ser designação de surdo. Mas, ainda hoje, ela é usada.
De lá para cá, a comunidade surda foi conquistando seu espaço, os seus direitos de cidadãos. Foram criadas escolas para surdos, linguages de sinais e, graças a Deus, acabaram-se as bárbaries contra os deficientes auditivos, pois assim a humanidade pode se beneficiar com as criações de muitos deles.
Podemos citar, entre muitos:
Helen Keller foi um dos maiores exemplos de que as deficiências sensoriais naõ são obstáculos para se obter sucesso, famosa pelo extenso trabalho que desenvolveu em favor das pessoas portadoras de deficiência.
Annie Sullivan, educadora dos EUA, também surda, ficou conhecida por ter sido a professora de Helen Keller.
Chrles-Michel de I'Épée, educador filantrópico francês, ficou conhecido como o "Pai dos Surdos".
Emmanuelle Laborit, atriz francesa e diretora do Teatro Visual Internacional.
John Bulwer, primeiro inglês a desenvolver um método de comunicação entre ouvintes e surdos.
George Dalgano, intelectual inglês que propôs um sistema linguistico a ser usado pelos surdos e que, ainda hoje, é usado nos EUA.
Jonathan Swift, autor de Gulliver, obra que vem encantando todas as gerações.
Ludwig Van Beethoven, ficou surdo aos 31 anos e, ainda assim, continuou compondo.
Wolfang Amadeus Mozart também apresentava sinais de baixa audição.
Sueli Ramalho Segala, atriz, escritora, professora de línguas e intérprete brasileira. No Brasil, faz trabalhos de intérprete em fóruns de congressos. É poliglota em 32 línguas de sinais.
Júlio César, ex atleta e educador, atualmente trabalha com crianças e jovens surdos. Desenvolveu o Projeto Educação Integral do Surdo através do Esporte.
C.J.Jones é um dos atores afroamericanos que mais atua em Hollywood.
Você sabia...
... que Goya mudou seu estilo de pintar quando ficou surdo?
... que Salvador Dali esculpiu a Vênus Otorhinológica para evocar a confusão dos sentidos?
... que ninguém sabe exatamente o número de surdos existentes no Brasil, embora eles sejam estimados em mais de 15 milhões?
...que Van Gogh, pintor holandês, além de apresentar sintomas de esquizofrenia, ouvia zumbidos, o que o levou a amputar sua orelha direita?
... que Alexander Graham Bell, inventor do telefone, filho de Alexander Melville Bell (instrutor de surdos-mudos e especialista em problemas auditivos), fez o primeiro aparelho eletrônico de amplificação do som para a surdez, pois sua esposa ficou surda?
...que Vanessa Vidal, segunda colocada no Miss Brasil 2008 é a primeira candiata deficiente auditiva a concorrer a este título?
Atualmente, os discusos em relação às pessoas com deficiência auditiva é muito bonito, mas a prática é muito diferente. O surdo, muitas vezes é tido como um incômodo para a sociedade, pois vão onerar o sistema previdenciário, uma vez que não podendo trabalhar, receberão pensão. Não paramos para pensar que estes indivíduos passam a ser "encostados do INSS" por culpa da própria sociedade que não lhes forneceu condições de obter e seguir uma carreira digna.
Além disso, os surdos não obtendo a atenção e a paciência dos ouvintes, acabam ficando relegados à um isolamento total, o que, muitas vezes, ocasiona problemas psicológicos. O mesmo acontece com as pessoas de idade, que normalmente já são marginalizadas e que, pela perda da audição, ficam cada vez mais isoladas.
Fontes:
Texto proposto pela interdisciplina, A História dos Surdos.

sábado, 17 de outubro de 2009

ESCOLA NOVA


A interdisciplina de Didática, Planejamento e Avaliação, através do Enfoque Temático 5 - Trabalhos Integrados, nos sugeriu algumas leituras como preparação para o próximo enfoque temático. Estas leituras foram produdivas e nostálgicas, pois me reportaram para o tempo em que estudei, na disciplina de Sociologia da Educação, na Faccat, as Tendências Pedagógicas Conservadoras.
A pedagogia, como teoria prática, caracteriza-se pela ação construtiva da formação humana, por meio de critérios socialmente estabelecidos, que indicam o tipo de homem a formar, para qual sociedade e com qual propósito.
Neste último século, o Brasil foi palco de muitas tendências pedagógicas, cada uma, analisada sociologicamente, como a melhor, pelo menos naquele tempo histórico.
A Escola Tradicional possuia entre seus componentes, o pressuposto de que o grande problema do ensino residia nos fatores de natureza externa ao aluno. Privilegiava o conhecimento e a disciplina. O professor era o centro do processo educativo, que transmitia o saber sistematizado através do método expositivo. Dava ênfase no aprender, através da reprodução dos conhecimentos. Embora em sérias limitações, a pedagogia tradicional ainda está presente em inúmeras instituiçoes de ensino.
Para contradizer a Escola Tradicional, a Escola Nova surge das forças produtivas, com influência do processo de industrialização.
A Escola Nova privilegia o atendimento às diferenças individuais. O aluno é visto como centro do processo educativo. O professor é o estimulador, orientador da aprendizagem. Há uma busca de não diretividade por parte do professor, dando ênfase no aprender a aprender.
Mas, como surgiu a Escola Nova?
Em 1932, era publicado o Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova, escrito por Fernando de Azevedo e assinado por vários intelectuais da época, entre eles, Anísio Teixeira. O Manifesto representou um divisor de águas entre educadores progressistas e conservadores. O Brasil estava passando por transformações materiais e muitas ainda deveriam ocorrer, dando novas perspectivas à população brasileira. Se a sociedade passava por mudanças, era preciso que a escola preparasse o novo homem, um homem moderno para integrar-se à nova sociedade que deveria ser essencialmente democrática.
JOHN DEWEY
Filósofo norte-americano que defendia a democracia e a liberdade de pensamento como instrumentos para a maturação emocional e intelectual das crianças.
"O professor que desperta o entusiasmo em seus alunos conseguiu algo que nenhuma soma de métodos sistematizados, por mais corretos que sejam, pode obter".
"A meta da vida não é a perfeição, mas o eterno processo de aperfeiçoamento, amadurecimento, refinamento."
A idéia básica do pensamento de John Dewey sobre a educação está centrada no desenvolvimento da capacidade de raciocínio e espírito crítico do aluno. Uma das principais lições deixadas por ele é a de que, não havendo separação entre vida e educação, esta deve preparar para a vida, promovendo seu constante desenvolvimento. Como ele dizia, "as crianças não estão num dado momento sendo preparadas para a vida e, em outro, vivendo. Então qual é a diferença entre preparar para a vida e passar de ano? Como educar alunos que têm realidades tão diferentes entre si e que, provavelmente, terão também futuros tão distintos?"
MARIA MONTESSORI
"Cada um de nós tem o potencial de aprender."
O método Montessori ou pedagogia Montessoriana consiste em harmonizar a interação de forças corporais e espirituais, corpo, inteligência e vontade.
Os princípios fundamentais do sistema Montesori são: a atividade, a individualidade e a liberdade.
A pedagogia de Montessori insere-se no movimento das Escolas Novas como uma oposição aos métodos tradicionais que não respeitavam as necessidades e os mecanismos evolutivos do desenvolvimento da criança.
Um dos maiores legados que Maria Montessori deixou para que a criança construa seu conhecimento é o MATERIAL DOURADO.
OVIDE DECROLY
"Convém que o trabalho das crianças não seja uma simples cópia, é necessário que seja realmente a expressão de seu pensamento".
"O meio natural é o verdadeiro material intuitivo capaz de estimular forças escondidas da criança."
Suas teorias têm um fundamento psicológico e sociológico e podemos resumir os critérios de sua metodologia no interesse e na auto-avaliação. Promove o trabalho em equipe, mas mantendo a individualidade do ensino com o fim de preparar o educando para a vida. A ausência de ideais religiosos é uma das características de seu modelo pedagógico.
O valor de sua obra está no destaque que emprestou às condições do desenvolvimento infantil; a educação, segundo ele, não se constitui na preparação para a vida adulta; a criança deve viver os seus anos jovens e as dificuldades que surgirem em cada fase, para serem resolvidas no momento certo, ou seja, a criança deve ser criança e não um adulto em potencial.
Ele também transformou a maneira de aprender e ensinar, ajustando a psicologia da criança e em nenhum momento deixou de lado nada que a escola deve ensinar à criança.
Para Decroly, a sala de aula está em toda a parte: na cozinha, no refeitório, no quintal, no museu, na cidade, no campo,...
Seu método, mais conhecido como "Centros de Interesse", destinava-se especialmente às crianças das classes primárias, onde os conhecimentos e interesses infantis aparecem associados.
Nesses centros, a criança passava por três momentos: Observação, associação e expressão.
O método dos "centros de interesse" partia da idéia da globalização do ensino para romper com a rigidez dos programas escolares. Para ele, existem seis centros de interesse que poderiam substituir os planos de estudos construidos com base em disciplinas: 1)a criança e a família; 2) a criança e a escola; 3)a criança e o mundo animal; 4) a criança e o mundo vegetal; 5) a criança e o mundo geográfico; 6) a criança e o universo. Os centros de interesse são uma espécie de idéias-força em torno dos quais convergem as necessidades fisiológicas, psicológicas e sociais do aluno. Freinet e Paulo Freire, nesse sentido, partindo da leitura do mundo, do respeito à cultura primeira do aluno, buscam desenvolver o aprendizado através da livre discussão dos temas geradores do universo vocabular do aluno.
O método de Decroly gerou controvérsias e o maior defeito desses programas é que ele se inspirava em mestres sábios em suas especialidades, mas totalmente incompetentes em matéria de psicologia infantil. Considerando que era fundamental dar a todos uma cultura geral idêntica, eles não se perguntaram se, desa forma, seria conveniente às crianças.
CÉLESTIN FREINET
"Se não encontrarmos respostas adequadas a todas as questões sobre educação, continuaremos a forjar almas de escravos em nossos filhos".
Crítico da escola tradicional e das escolas novas, Freinet foi criador do movimento da escola moderna. Seu objetivo básico era desenvolver uma escola popular. Hoje em dia as suas propostas continuam, ainda, a ser uma grande referência para a educação. A criança era considerada o centro da educação, pois a educação não começa na idade da razão, mas sim desde que a criança nasce.
No seu livro Para uma escola do povo, Freinet escreveu:
A escola popular é uma educação que corresponde a necessiades individuais, sociais, intelectuais, técnicas e morais da vida do povo, uma nova etapa para a formação da escola.
A escola do amanhã será centrada no aluno como membro da comunidade, em suas necessidades essenciais, onde a criança deverá alcançar o seu destino futuro, onde para prepará-las haverá um ambiente adequado, material e técnicas capazes para ajudar nessa formação. Esta escola será disciplinada, pois ela será organizada na atividade e na comunidade escolar, mas não devemos queimar todos os vestígios da escola do passado, a adaptação da escola do amanhã será equilibrada, harmoniosa, a serviço da vida.
Sabe-se que a prática escolar está sujeita a condicionantes de ordem sociopolítica que implicam diferentes concepções de homem e de sociedade e, consequentemente, diferentes pressupostos sobre o papel da escola e da aprendizagem. O modo como os professores realizam seu trabalho tem muito a ver com estes pressupostos teóricos, mas não existe nenhuma lei que impeça o professor de respeitar a criatividade do aluno, sua cultura, sua infantilidade.
Nós, professores, temos o dever de tornar nossas aulas proveitosas, produtivas, harmoniosas e felizes. Não podemos cometer o erro de podar sonhos, pois as escolas são sementes do futuro. Sigamos as palavras de Dewey: "O professor que desperta o entusiasmos em seus alunos conseguiu algo que nenhuma soma de métodos sistematizados, por mais corretos que sejam, podem obter". E este entusiasmo política nenhuma consegue derrubar.
Fontes:
O Movimento da Escola Nova e suas bases históricas.
Meus apontamentos na cadeira de"Sociologia da Educação I", com a professora Lorena Maria de Quadros Stein.

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

E SEU NOME É JONAS



O filme narra a história de uma criança que vive três anos e meio numa clinica para doentes mentais e somente então descobrem que ela é apenas surda.

A época histórica do filme é a década de setenta, onde a medicina já está muito avançada. A família, por ignorância sobre o assunto, não conseguiu detectar o problema do menino, confiando plenamente nos diagnósticos médicos. Mas que profissionais da saúde são esses que levaram tanto tempo para descobrir que a criança não era portadora de nenhuma deficiência mental, somente auditiva, que não era um "retardado" (termo muito usado durante toda a película)?

Preso em um assustador e solitário mundo de silêncio, esta criança tem de abrir caminho entre a inexperiência da família, a discriminação explicita da sociedade, o descaso do pai e a morte de seu melhor amigo.

Este filme me fez lembrar de outros que assisti, do mesmo gênero.

Os Filhos do Silêncio que conta a história de amor entre um professor de deficientes e uma moça surda e O Milagre de Annie Sullivan que assisti a décadas atrás e, pelo que me lembro, relata a história de uma menina semelhante ao Jonas e, parece que ainda era cega, mas que encontra um anjo chamado Annie que lhe ensina a viver e a encontrar a felicidade.

Vivemos uma época histórica caracterizada por crises políticas, violências e turbulências emocionais, mas também pelo surgimento de oportunidades. Oportunidade de aprender e saber servir ao próximo e ao mundo, oportunidade de ser útil numa sociedade injusta e egoista. Não podemos deixar escapar nenhuma dessas oportunidades. Não podemos deixar que as incapacidades das pessoas nos impossibilitem reconhecer suas habilidades.

Quantos Jonas já cruzaram o nosso caminho e quantos ainda hão de cruzar. Não digo que estou preparada para atender um deficiente auditivo em minha sala de aula, tenho certeza que muito pouco vou contribuir para sua aprendizagem, mas farei o possível (se um dia ocorrer) para fazê-lo sentir-se amado. Afinal, existem os Jonas e as Annies!

domingo, 4 de outubro de 2009

ALFABETIZAÇÃO E A PEDAGOGIA DO EMPOWERMENT POLÍTICO

O que é EMPOWERMENT ?
Este termo está, cada vez mais, sendo utilizado em artigos e textos acadêmicos, que estejam ligados ao serviço social e à política social.
O empowerment parte da idéia de dar às pesoas o poder, a liberdade e a informação que lhes permitam tomar decisões e participar ativamente da organização social.
O texto "Alfabetização e a Pedagogia do empowerment Político", de Henry Giroux, refere-se à idéia de uma alfabetização cujas ordens de conhecimento, dos valores e as práticas sociais, tivessem prioridade na luta por uma sociedade democrática.
Uma das práticas na alfabetização está no treinamento para o trabalho, onde os currículos se adaptem ao mercado de trabalho. Outra forma de alfabetização se daria na forma ideológica, na construção do caráter individual, institucional e tradicional.
A alfabetização em Freire não é meramente uma habilidade técnica, deve ser compreendida como um projeto político no qual, homens e mulheres afirmem seu direito e sua responsabilidade não apenas de ler, compreender e transformar suas experiências pessoais, mas também, de reconstruir sua relação com a sociedade. Neste sentido, a alfabetização é fundamental para dar condições à todos de se posicionar na sociedade, de, realmente, sentir-se parte de um projeto mais amplo de possibilidades, individual e social.
A minoria detentora do poder, na sociedade, constrói muros que impedem ou limitam a interação entre os homens. Para os não alfabetizados, as barreiras são enormes:
Barreiras sociais: impossibilidade de intercâmbio com outros sujeitos, dentro da mesma comunidade social.
Barreiras Culturais: desqualifica o sujeito, que é tido como incapaz, impedindo-o a ter acesso a muitos campos culturais (cinema, teatro, bibliotecas, debates políticos,...)
Barreiras Pessoais: oportuniza uma auto-exclusão. O próprio sujeito se auto-discrimina e,aumentando a barreira social e cultural.
Cabe à educação fazer com que "muros" não sejam construídos. Porém esta prática vai demorar a "colher" os frutos. Então, é nosso dever, orientar a população educacional a não enfraquecer diante de barreiras. Elas existem e sempre existirão. Cabe à nós, cidadãos, persistir na escalada e não se deixar abater.
Fonte de referência:
GIROUX, Henry.Alfabetização e a Pedagoia do Empowremente Político. In: FREIRE, Paulo e MACEDO, Donaldo. Alfabetização:Leitura da palavra, leitura do mundo.

LIBRAS


Ser surdo é não ouvir o mundo, é sentir o mundo.
O indivíduo surdo é desprovido de audição, com uma enorme experiência visual, pois utiliza a visão em substituição total à audição, como meio de comunicação. Desta experiência visual surge a cultura surda, representa pela língua de sinais, pelo modo diferente de ser, de se expressar, de conhecer o mundo, de entrar nas artes, no conhecimento científico e acadêmico.
Penso que não exista alguém que possa dizer que nunca conheceu um deficiente auditivo, mas uma grande parte da população, com certeza, nunca teve oportunidade de interagir com uma pessoa nessas condições.
Cresci brincando com um deficiente auditivo. Nosso entrosamento era tão perfeito que, erroneamente, julgava que ele somente "não sabia falar". Bem mais tarde descobri que ele não falava porque não ouvia. Mas isto não impediu que tivéssemos uma amizade verdadeira e pudéssemos fazer uso de toda e qualquer brincadeira.
Há alguns anos atrás, fiz um curso de Libras. Foram vários meses com uma aula semanal. Adorei! O professor era deficiente auditivo, mas tinha uma intérprete para nos auxiliar nas dificuldades. Houve interação com os alunos da escola especial de surdos, houve teatro. Senti, naqueles meses de curso, que cresci. Cresci como ser humano, pois estava me preparando para me comunicar com uma parte da população que, de um modo ou de outro, é discriminada. É uma pena, que por não ter oportunidade de colocar em prática o que aprendi, fui esquecendo.
Todo ano, quando trabalho os meios de comunicação com meus alunos, ensino Libras para eles. Cada um recebe uma folha com os sinais (semelhante ao demonstrado acima), é colocado um grande cartaz na parede. Cada aluno aprende seu nome e, naquele dia, se possível, não haverá sons na sala de aula.
Caracterizo o surdo como uma pessoa que não foi gratificada com o uso da audição, mas que tem uma sensibilidade extraordinária para sentir as coisas. Ele não ouve o mundo, sente-o. Ao contrário de muitas pessoas que não são surdas, mas estão surdas: surdas para a miséria alheia, surdas para o grito de alerta do planeta, surdas para Deus.

sábado, 19 de setembro de 2009

INTERDISCIPLINARIDADE


"A especialização sem limites culminou numa fragmentação crescente


do horizonte epistemológico.


Chegamos a um ponto que o especialista se reduz àquele que,


à causa de saber cada vez mais


sobre cada vez menos, termina por saber


tudo sobre o nada.


Em nosso sistema escolar, ensina-se um saber fragmentado,


que constitui um fator de cegueira intelectual,


que decreta a morte da vida


e que revela uma razão irracional."


(Hilton Japiassu)


No inicio do século, Taylor e Ford revolucionaram o sistema de produção das indústrias automobilísticas, abrindo espaço para um método cada vez mais mecanizado, deixando a grande massa trabalhista atuar como robôs, pois deles era exigido somente a mão-de-obra, o exercício mental era exercido por uma minoria.
Que espécie de cidadão a escola estava formando, com uma visão restrita sobre o mercado de trabalho? Caracterizava-se como "taylorista", dando ênfase a um acúmulo de tarefas não significativas entre si, objetivando o aumento da eficiência ao nível operacional, ou "fordista", onde o conhecimento é entregue ao aluno, em vez desse ir buscá-lo?
Santomé, no texto "As Origens da Modalidade de Currículo Integrado", faz uma analogia entre a revolução industrial introduzida por Taylor e, posteriormente Ford, e a pedagogia de ensino proposta nas escolas. Conforme ele, o paradigma taylorista/fordista decorria de uma fragmentação do trabalho pedagógico escolar: o currículo que dividia o conhecimento em áreas e disciplinas, trabalhados de forma isolada, autônomas entre si e desvinculadas da prática social concreta, ficando por conta do discente reconstituir as relações entre elas.
O mercado globalizado marcou novas exigências de competividade, estabelecendo novas relações entre trabalho e cultura, urgindo um novo princípio educativo, um novo projeto pedagógico que formasse novos cidadãos que atendessem às novas demandas impostas pela globalização da economia.
A interdisciplinaridade surgiu num período marcado pelos movimentos estudantis que reivindacavam um ensino mais sintonizado com as grandes questões de ordem social, política e econômica.
Na teoria e nas Leis, interdisciplinaridade está bem exemplificada, mas na prática?
A interdisciplinaridade objetiva a superar a fragmentação do conhecimento, a falta de uma relação deste com a realidade do aluno. Ainda hoje, há quem confunda com relação teórica, onde várias disciplinas trabalhem sobre o mesmo tema.
Entendo como interdisciplinaridade uma flexibilização curricular, onde as várias áreas do conhecimento se cruzem num ponto comum: não mais produzir mão-de-obra com restritas competências, mas formar trabalhadores com componentes flexíveis, que se adaptem com rapidez e eficiência a situações novas e saibam criar respostas para situações imprevistas.
É claro que o avanço da educação dependerá de uma abordagem interdisciplinar. Isto propõe um grande desafio para a comunidade escolar, principlamente ma forma como os profissionais de educação são treinados: cumprir conteúdos, custe o que custar.
Muitas vezes fui pressionada por pais de aluno por "puxar demais" de seus filhos:"Ele é muito pequeno para ter de pensar tanto", "no meu tempo não tinha estas coisas na escola". Hoje sei que não estava errada! Minhas atividades que tanto exigiam e exigem um aluno pensante e crítico, certamente são sementes que gerarão bons frutos.
Fontes de inspiração:
"As origens da modalidade de currículo integrado", texto de Santomé.
Fragmento de Hilton Japiassu sobre a compormentalização dos saberes e da importância do trabalho integrado.

sábado, 5 de setembro de 2009

EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS


"A educação tem raízes amargas, mas frutos doces". Aristóteles

A Educação de Jovens e Adultos é o segmento da rede escolar pública brasileira que recebe os jovens e adultos que não completaram os anos da Educação Básica em idade apropriada. No início dos anos 90, este segmento passou a incluir, também, as classes de alfabetização inicial (Regulamentado pelo artigo 37 da Lei n° 9394 de 20 de dezembro de 1996 - LDB).

O público alvo da EJA, jovens ou adultos, são sujeitos sociais e culturais, marginalizados pela sua condição de iletrados, comprometendo uma participação mais ativa no mundo do trabalho, da política e da cultura.

A EJA tem como funções a reparação, a equalização e a qualificação de seus educandos.

A função reparadora significa a restauração de um direito negado: o direito a uma escola de qualidade. É uma dívida adquirida pelas elites dirigentes à educação escolar dos negros escravizados, dos índios, dos caboclos migrantes e dos trabalhadores braçais, os quais, através de sua mão-de-obra, serviram de esteio na cosntrução de nossa nação.

O indivíduo que teve sustada sua formação educacional, seja qual for o motivo, e busca restabelecer sua trajetória escolar de modo a readquirir um espaço significativo e igualitário na sociedade deve receber, proporcionalmente, maiores oportunidades. Esta é a função equalizadora da EJA.

A educação de jovens e adultos representa uma oportunidade de desenvolvimento a todas as pessoas, em todas as idades. Esta promessa garante que jovens, adultos e idosos atualizem seus conhecimentos, mostrem suas habilidades, troquem experiências e tenham acesso a novos campos de trabalho. A EJA tem o compromisso de qualificar a vida de todos, especialmente dos idosos, que, para as novas gerações, servem de ponte entre o passado e o presente. Este tarefa de oportunizar a todos uma atualização de conhecimentos é a função permanente da EJA, que pode ser chamada, também, de função qualificadora.

Fonte:

Parecer CEB n°11/2000 - Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação de Jovens e Adultos. Relator: Carlos Roberto Jamil Cury

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

COMÊNIO



"Deve-se começar a formação muito cedo, pois não se deve passar a vida a aprender, mas a fazer".
"Age idiotamente aquele que pretende ensinar aos alunos não quanto ele podem aprender, mas quanto ele próprio deseja".
"Quanto maior é o número de problemas em que pensamos, maior é o perigo de nçao compreender nenhum".
(Johann Amos Comenius - 1592/1670)
Conforme Johannes Doll em "Metodologia do Ensino em Foco: Práticas e Reflexões", quem lê a Didática Magna vai se confrontar com muito aspectos religiosos. Concordo, pois ao lê-la, percebi o lado espiritualista de Comênio. Diria que ele seria Kardecista, não fosse o fato de ter vivido bem antes de Allan Kardec. Será que posso ousar propor o contrário? Kardec ter se inspirado, também, nas idéias de Comênio?
Comênio foi o criador da Didática Moderna e um dos maiores educadores do século XVII. Ele concebeu uma teoria humanista e espiritualista da formação do homem que resultou em propostas pedagógicas. Entre essas idéias estava:
- O respeito ao estágio de desenvolvimento da criança no processo de aprendizagem. Aqui pode-se fazer uma comparação com os estágios de desenvolvimento de Piaget, os quais são respeitados no cotidiano escolar, pois casa uma dessas fases é caracterizada por formas diferentes de organização mental que possibilitam as diferentes maneiras da criança relacionar-se com a realidade e a aprendizagem da mesma.
- A construção do conhecimento através da experiência, da observação e da ação. Os Projetos de Aprendizagem provam que Comênio estava certo.
- Uma educação sem punição, mas com diálogo,exemplo e ambiente adequado. Graça a Deus que o uso da palmatória, os puxões de orelha e a caixinha de milho foram abolidos da sala de aula.
Comênio pregava ainda a necessidade da interdisciplinariedade, da afetividade do educador e de um ambiente escolar bonito, com espaço livre e arejado. Ainda: coerência de propóitos educacionais entre família e escola, desenvolvimnto do raciocínio lógico e do espírito científico e a formação do homem religioso, social, político, racional, afetivo e moral.
A arte de ensinar é sublime pois destina-se a formar o homem, é uma ação do professor no aluno, tornand0-0 diferente do que era antes. Com este objetivo, Comênio defendia um método de ensinar, que deveria seguir os seguintes momentos:
- Tudo o que se deve saber deve ser ensinado.
- Qualquer coisa que se ensine deverá ser ensinada em sua aplicação prática, no seu uso definido.
- Deve ensinar-se de maneora direta e clara.
- Ensinar a verdadeira natureza das coisas, partindo de suas causas.
- Explicar primeiro os princípios gerais.
- Ensinar as coisas em seu devido tempo.
- Não abandonar nenhum assunto até sua perfeita compreensão.
- Dar a devida importância às diferenças que existem entre as coisas.
Depois de toda esta aprendizagem, não há como negar que Comênio foi, ainda é, o maior didata de todos os tempos e deve-se levar em consideração a época em viveu, as limitações de recursos físicos e de idéias das pessoas que o rodeavam.
Fontes:
Textos:
"Vida e Obra de Comênio".
"Didáctica Magna - Tratado da Arte Universal de Ensinar Tudo a Todos".
"Metodologia de Ensino em Foco: Práticas e Reflexões"

domingo, 30 de agosto de 2009

LEITURA E ESCRITA



"Nossos alunos não sabem escrever..."
Assim se inicia o texto de Maria Isabel Dalla Zen e Iole Faviero Trindade.
Este jargão é o mais comum na conversa entre professores e nos faz refletir: será que estamos observando se nossos alunos sabem ler?
A linguagem, expressa pela oralidade e grafia, é um processo mental de manifestação do pensamento e de natureza essencialmente consciente, significativa e orientada para o contato inter-pessoal.
Nossos alunos sabem falar mas, na atualidade, se utilizam de um palavreado grotesco, cheio de gírias e sem significado lógico. Por que? Ouso dizer que está faltando o hábito de ler, e a leitura deve ser estimulada desde o início da vida da criança, o que está sendo uma atividade supérflua.
Entre o falar, ler e escrever existe um longo caminho e trilhar por esta vereda deve ter muita motivação. A criança fala, fala, fala... mas na escrita manifesta uma grande dificuldade.
Utilizando a linguagem oral, durante uma conversação, o interlocutor está fisicamente presente, faz perguntas e exige respostas. A linguagem escrita é, praticamente, um monólogo com o papel, onde o interlocutor é imaginário. Não é utilizado a entonação na voz e é desprovida do recurso da expressão facial. Embora o aluno tenha alcançado, através da linguagem oral, um grau expressivo de imaginação, na escrita toda sua criatividade é podada.
Conforme as autoras, "conhecer e representar são processos inseparáveis" ... "Não importa questionar somente quem são os alfabetizados (sabem ler e escrever) e quem são os letrados (sabem ler e produzir textos), nem o que os torna alfabetizados ou letrados, mas a "invenção" da necessidade".
Como fomentar essa necessidade?
Influenciando na leitura.O chamado "Momento da leitura" deve ser utilizado de modo prático, ao invés da criança ler individualmente e silenciosamente, ela deve ser estimulada a ler em voz alta para a turma e a professora deve ensiná-la a ler, respeitando a pontuação e a entonação na voz. Cada vez que a criança produzir um texto, independente do conteúdo ou do tamanho, ela deve reler o que escreveu. Depende muito desse processo ser alfabetizado ou ser letrado.
Fontede inspiração:
"LEITURA, ESCRITA E ORALIDADE COMO ARTEFATOS CULTURAIS", de Maria Isabel Dalla Zen e Iole Faviero Trindade.

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

O MENININHO



... e começou a desenhar uma flor vermelha com o caule verde...
Ler o texto de Helen Buckley nos faz repensar nossa posição de professor e nossa prática pedagógica.
A expectativa de um sistema escolar é capacitar indivíduos para exercerem uma profissão, para serem cidadãos conscientes e para serem criativos na sua área de atuação.
A escola é um espaço, senão o único, onde indivíduos, de diferentes raízes culturais e sociais, se reúnem para adquirir modos de comportamentos e os conhecimentos considerados importantes para desempenhar seu papel na sociedade. É na escola que a criança encontra o outro, geralmente desconhecido e diferente, e passa a conviver e colaborar com o outro.
As crianças estão se descobrindo a cada dia, vão firmando suas características e descobrindo suas preferências e elas possuem uma natureza singular, que as evidencia como seres que sentem e pesam o mundo de um jeito muito próprio.
No processo de construção do conhecimento, a criança se vale das mais diferentes linguagens e exerce a capacidade que possui de ter hipóteses originais sobre aquilo que busca desvendar. Nessa perspectiva, a criança constrói o conhecimento à partir das interações que estabelece com as outras pessoas e com o meio em que vive. O conhecimento não se constitui numa cópia da realidade, mas é o fruto de um intenso trabalho de criação e significação.
Compreender, conhecer e reconhecer o modo particular das crianças serem e estarem no mundo é um grande desafio para os profissionais de educação. Embora diversos estudos e pesquisas sirvam de esteio para desvelar o universo infantil apontando algumas características comuns nas crianças, essas permanecem únicas em suas individualidades e diferenças.
Exercer a docência com um aluno cuja ânsia de criar e compartilhar idéias foi amputada, como no personagem de Helen Buckley não é uma tarefa fácil. Não existem fórmulas prontas para reerguer a autoestima de uma criança nessas condições, somente muito amor e dedicação.
Infelizmente existem muitas educadoras que promovem seus alunos "desenhando flores vermelhas com caules verdes", sem se importarem com o futuro cidadão inibido e desprovido de imaginação.
A próxima professora, que Deus ajude que ainda exista uma próxima, deve ensinar à criança que ela pode fazer algumas coisas de uma forma bem positiva e que pode ter problemas com outras coisas e que espera que faça o melhor que puder. É muito importante elogiá-la e incentivá-la quando está realizando alguma coisa, fazendo-a perceber que tem direito de sentir que é importante, que pode aprender, que vai conseguir e, principalmente, que é amada.
Também é uma excelente ajufa confessar que o professor não é um ser perfeito, que tem limitações, comete erros e fracassa.

domingo, 12 de julho de 2009

KANT E A EDUCAÇÃO


"... a educação é o maior e mais árduo problema que pode ser proposto aos homens".


"O homem é a única criatura que precisa ser educada".




Em seu texto Sobre a Pedagogia, Kant recorre a uma comparação do ser humano aos demais animais. Enquanto os animais necessitam basicamente da alimentação, os seres humanos, para seu aperfeiçoamento, precisam alimentar o corpo e o espírito e é através da educação que o espírito é alimentado.
Para Kant, a educação pode ser entendida sob duas perspectivas fundamentais: física (aquela em que as questões mais importantes são a formação de hábitos de higiene, cuidados com a saúde e conservação do corpo), ou prática, ou seja, aquela em que a preocupação fundamental é a formação do caráter. A educação deve ser pensada e estabelecida de modo que o homem seja: disciplinado, culto, prudente e civilicado, moralize-se.
O aspecto mais importante na filosofia da educação kantiana á a moralidade e que, por conta disso, está pressuposta nesta concepção o ensino da virtude. A virtude não só pode, como deve ser ensinada.
Possivelmente, se Kant tivesse assistido às bárbaries da atualidade partindo dos horrores dos campos de concentração, teria dito: eu avisei!
O mundo está cada vez mais equipado para usar a tecnologia contra si mesmo. Quantas brutalidades são cometidas por seres ditos humanos, portadores de diplomas e títulos de doutores. O que a educação fez destes indivíduos que não os ensinou a amar o próximo como a si mesmos? Que não os ensinou a distinguir o bem do mal? Que não os ensinou a refletir sobre o papel do homem na terra?
Quando nos deparamos, através da mídia, de crimes bárbaros, logo dizemos: isto não é gente, é animal. Mas o animal não mata por nenhuma ideologia, nem por prazer. Mata para saciar a fome, não o ego e jamais ataca a sua própria espécie.
Não foi à toa que a Alemanha do pós guerra refez todo o seu sistema educacional.
Mas as bárbaries continuam acontecendo.
Está na hora da sociedade repensar, não só o sistema educacional, mas também, e principalmente, a família.
Por que a família esté se desmantelando e mandando para as escolas crianças que, através da violência, demonstram que ainda não conhecem a virtude.
Onde foi que erramos?






"Observa o teu culto à família e cumpre teus deveres para
com teu pai, tua mãe e todos os teus parentes. Educa as
crianças e não precisarás castigar os homens".
(Pitágoras)